A Arquitetura Da Flor

Tenho recebido, nos últimos tempos, vários e-mails com fotos de Dubai, a exaltar as maravilhas arquitetônicas e urbanísticas da cidade.
Sinceramente, eu acho até bonito e coisa e tal, mas não fico embevecido, embasbacado por tais construções, como fica a maioria das pessoas.
Essa exaltação toda faz parte de um ritual masturbatório intraespecífico, ou seja, é o cara que toca uma punheta em homenagem a ele mesmo, em frente ao espelho e com o dedo enfiado no cu. É a espécie humana glorificando a si própria.
Prédios em feitio de veleiro, ilhas artificiais a imitar coqueiros, montanhas de gelo para a prática de esqui em pleno deserto... nenhum desses prodígios me impressiona ou comove.
Nada supera nem sequer iguala a arquitetura da flor.
E não me refiro ao atributo romântico dado pelo ser humano à flor, presentear com flores na intenção de conseguir outra flor, de aroma menos delicado e néctar menos doce.
Digo do aspecto geométrico e exato da flor, milhões e milhões de anos de evolução criaram o mais perfeito equilíbrio de formas, arcos, ângulos, circunferências e elipses; isso sem dizer - e já dizendo - das infinitas e muito bem dosadas paletas de cores e cheiros.
Dubai é porra nenhuma perto disso, nem dá pra considerar.
A propósito, "Arquitetura da Flor" é o nome do CD mais recente de Francis Hime, parceiro de Chico Buarque nas décadas de 70 e 80. É deles a clássica "Trocando em miúdos".
Se quiser ouvi-la, interpretada pelo Chico, é só dar uma clicadinha aqui, na minha poderosa MARRETA

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