Gosto Muito De Te Ver, Leãozinho

Não acredito nessas coisas de vidas passadas.
Mas fiz, dia desses, a título de curiosidade, uma regressão hipnótica.
Descobri que eu já vivi na Roma Antiga, no auge do gládio, do Coliseu.
E não vou mentir aqui que tenha sido algum imperador, senador, conselheiro, gladiador laureado ou centurião de mil conquistas.
Fui um cidadão dos mais comuns, meu nome não figura em nenhum registro da época, mas eu era um cidadão extremamente feliz com minha humilde profissão, anonimamente feliz.
Eu fui um criador de animais e os fornecia diretamente ao Império.
Eu fui um criador de leões, criava leões para que cristãos fossem jogados a eles, fui o abastecedor oficial de leões do Coliseu, criava panteras e tigres também, mas os leões sempre foram meus prediletos.
Alugava-os para cada espetáculo, um gigolô de leões, ganhava uns bons denários e sestércios com isso. Tinha uma dedicação sacerdotal ao meu ofício. Mantinha os bichinhos sempre muito bem escovados, sem carrapatos, jubas de brônzea cintilância, e famintos, famélicos.
E como descrever a cara de satisfação dos bichinhos quando retornavam a mim, narizes e bigodes rubros e doce-ferruginosos de sangue cristão? Vinham-me dóceis e gratos gatinhos e eu os abraçava quase a chorar de orgulho, orgulho pelos meus meninos.
Esmerava-me em meu labor.
Contudo já viram, né?
Entra vida, sai vida, vai encarnação, vem reencarnação, e uma coisa não muda em mim : sou de uma incompetência profissional absoluta, minha dedicação nunca supriu minha falta de talento.
Não veem nesse caso? Que, inclusive, foi um dos motivos da queda do Império Romano?
Faltaram leões.
Não dei conta do recado, não dei conta da demanda.
Não consegui - desgraçadamente - criar leões em quantidade suficiente, não consegui criar leões na justa medida.

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1 Comentários

  1. Apesar da tuw ironia, ontem coloquei uma para escutar antes de dormir, não funcionou bem, mas continuarei tentando...

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