Saco vazio
(e é bem verdade)
Como é que
Então
Eu ainda acordo e me levanto
Faço o café
Vou ao trabalho?
Como é que
Então
Eu ainda respiro
Vou ao mercado
Ao banco, à petshop,
Cuido malemal das coisas da casas
E da minha mimese de vida?
Por que
Não desabo de vez,
Aniagem de juta
Rota, puída e mendiga?
Como seria bom
Poder desabar de vez
Desmilinguir-me
Liquefazer-me
Desvertebrar-me
Deixar assumir o meu lugar
O nada que há em mim.
3 Comentários
Olha, Marreta, eu te entendo muito, muito mesmo, pois já estive assim uma centena de vezes (e às vezes ainda fico assim). Mas, quando você se depara com uma situação aparentemente sem retorno suas energias parecem ressuscitar e você muda a maneira de ver a vida. Hoje eu percebo a mediocridade dos meus sentimentos quando vejo o que é realmente importante, essencial. E o nome disso é saúde. Abraços Fique bem. (e ela está melhorando)
ResponderExcluirRacionalmente, eu entendo tudo o que você disse. Eu mesmo sei - racionalmente - que há trabalhando comigo, no mesmo local, mesma função e tudo, pessoas com problemas muito maiores que os meus e que, mesmo assim, encaram a vida de uma forma muito mais otimista, esperançosa, não sei a que se apegam. Sei de tudo isso, mas não sinto, por isso é uma doença, né? Com o final do ano passado e o vislumbre das férias, meu quadro foi dando uma amenizada, mas agora com a volta ainda mais caótica das aulas, o pouco equilíbrio que eu havia conquistado evaporou-se, meu quadro está pior do que quando comecei a me medicar, medicação que ainda mantenho. Tem dias que, sem exagero, dói estar vivo.
ExcluirTambém não quero viver de afastamentos médicos, pois além de prejudicar na nossa pontuação como funcionário público, faz com que eu me sinta um inútil ficando em casa. Vou tentar tocar mais umas duas semanas e ver o que acontece, senão marco uma consulta com a psiquiatra que acompanha meu caso e vejo que solução ela pode me dar. Chego mesmo a pensar em jogar fora 25 anos de serviço público e pedir exoneração, mas tenho filho ainda pra criar, e não temos sequer fundo de garantia, se exonerar, saio com uma mão na frente e a outra atrás. Mas enfim...
E que bom que sua esposa está melhorando, graças aos tratamentos e, tenho certeza, os seus cuidados. Creio mesmo que ela se restabelecerá de todo. Vocês dois merecem.
Não jogue fora seus 25 anos! Meu irmão trabalhava emuma empresa da PBH. Faltando no máximo cinco anos para se aposentar, pediu demissão por não suportar mais o convivio com os petistas que entraram na empresa em uma administração petista. Fiquei pasmo com aquilo, mas ele apenas reproduziu o que aconteceu com meu pai, que ficou desempregado no final da vida. Você não tem uma religião a que se apegar (ter fé ajuda muito nessas horas), mas talvez práticas menos tradicionais possam ser boas, tipo yoga, tai chi chuan. Outro dia fiquei sabendo que um jovem de dezessete anos chegou a tomar choque para combater uma depressão mrga gigante. Depressão, síndrome do pânico e assemelhados destroem a pessoa em quem as tem. Segura sua onda, tente relaxar (na base do "se o estupro é inevitável..."). Fique bem. E obrigado pelo comentário. Abraços.
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