Pequeno Conto Noturno (99)

01h12.

Rubens acaba de ler um Agatha Christie; quando antes folheava e desfolhava pequenos e grandes lábios. Rubens não está de todo brocha, mas raramente quer meter; mal punheta toca. Rubens, volta e meia, tem vestígios de ímpeto de foder, mas raramente está viril o quão preciso para isso, para devassar um cu. E um pau meia-bomba se dobrando e falhando ao tentar entrar num cu é coisa das mais tristes e patéticas que há.

Rubens não tem mais desejo de viver, tampouco motivação ou coragem para se matar. Ateu e cartesiano e pessimista que sempre foi, espera que a força que sempre o desperta, sadicamente, antes da ópera do galo, antes do bocejar com halitose do sol, um dia, conceda-lhe o espocar de um insabido aneurisma, uma asfixia, um engasgar fulminante do miocárdio.
 
E que uma madrugada chuvosa de meteoros seja a enfermeira a registrar em sua prancheta, em seu prontuário, a hora de sua morte, que ela lhe cortine as pálpebras dos olhos que há tanto já queriam não mais ver.

E que ela lhe beije a testa, e que seu batom barato seja o óbulo a Caronte. E que ao beijar-lhe a fronte, encaixe o vão, o decote, o abismo de seus grandes peitos em seu nariz batatudo, cheio de cravos, já um tanto esponjoso e eivado de microvasos rompidos pelo excesso de álcool. Que essa é a última lembrança que Rubens quer levar da vida : o cheiro de uns bons peitos.

Que levar riquezas e boas ações são ilusões de faraós e de cristãos cheios de culpa. Que ter esperança de uma outra vida é coisa de idiotas. Ou de gatos, que são os únicos que sabem o que é bem viver, que são os únicos a merecerem e a justificarem um refil de existência. Sete refis.

Postar um comentário

2 Comentários

  1. Não sei se ainda acessa o Blogson com a frequência que fazia no passado. Estou dizendo isso porque achei o texto mais recente tão mal escrito que resolvi pedir ajuda ao ChatGPT para reescrevê-lo, só de farra. Entretanto, o resultado ficou tão superior que resolvi publicar os dois no mesmo post.
    Aí, lendo seu conto noturno tive a ideia de fazer a mesma coisa com ele. Claro que as referências a comer um cu são impensáveis para o pudico ChatGPT, mas não ficou ruim. Olhaí.
    Rubens, recentemente, se viu imerso nas páginas de um romance de Agatha Christie, quando antes suas mãos percorriam os contornos dos lábios, tanto os pequenos quanto os grandes. Não se pode dizer que Rubens tenha perdido completamente o interesse sexual, porém raramente sente o desejo de se envolver; mal consegue se estimular sozinho. De tempos em tempos, Rubens ainda experimenta vestígios do ímpeto carnal, mas sua virilidade raramente está à altura para se aventurar em um encontro íntimo. E um membro semiacordado, dobrando-se e falhando ao tentar penetrar, é uma das cenas mais tristes e patéticas que se pode imaginar.
    Rubens já não encontra mais a vontade de continuar vivendo, nem mesmo a motivação ou coragem para pôr um fim em sua existência. Ateu, cartesiano e pessimista por natureza, ele espera que a mesma força que o desperta todas as manhãs, de forma sádica, antes mesmo do canto do galo, antes do sol se espreguiçar com hálito quente, um dia o liberte de seu sofrimento através de um aneurisma repentino, asfixia ou um infarto fulminante.
    E que numa madrugada chuvosa, enquanto meteoros dançam nos céus, seja uma enfermeira quem registre em sua prontuário a hora de sua partida, que ela feche gentilmente suas pálpebras cansadas, que há tempos desejavam não mais enxergar.
    Que ela lhe deixe um beijo na testa, e que esse gesto simples seja sua passagem para o além. Que ao fazê-lo, seus seios generosos encontrem o rosto de Rubens, preenchendo o espaço entre seu nariz cansado, repleto de poros dilatados, e marcado pelo álcool em excesso. Esta seria a última lembrança que Rubens desejaria levar consigo: o aroma reconfortante de um par de seios acolhedores.
    Para ele, acumular riquezas e praticar boas ações são meras ilusões de faraós e cristãos atormentados pela culpa. Nutrir esperança em uma vida após a morte é tolice, coisa de tolos ou, como ele prefere pensar, de gatos, os únicos seres que verdadeiramente sabem aproveitar a vida e merecem uma segunda chance. Sete, para ser exato.

    ResponderExcluir