Teus Olhos

Por que não despisto os teus olhos?
(sou bom em não deixar rastros).
Por que não fujo,
Por que não os furo com duas estilingadas de mamonas?
(sou bom em acertar cocorutos de pardais e de rolinhas).
 
Por que finjo que não os vejo
Que não os sei
A me vigiar
Em cada farol de carro,
Em cada lâmpada de poste,
Em cada sinal vermelho de semáforo,
Em cada câmera de loja,
Em cada olho vesgo de gato siamês,
Em cada útero licoroso de dama-da-noite? 
 
Porque eles são o lago mais gelado
Que já me espelharam.
Porque são as canvas
Que mais bem me expressaram e me abstraíram.
Porque são os Carraras
Que melhor consolidaram o meu Renascimento.

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