Tem crescido, de uns dois anos para cá, o número de adeptos ao modismo vegetariano e, agora, à picaretagem vegana no meu ambiente de trabalho. Pelo fim do sofrimento animal, pela sustentabilidade do planeta e outros blá-blá-blás politicamente corretos.
Acham mesmo que, para o animal que serve de sustento a outro, faz alguma diferença que seu pescoço e sua jugular sejam dilacerados pelas presas de um lobo, ou cortados precisa e cirurgicamente por lâminas mecanizadas de um frigorífico com escala industrial de produção? Ele preferiria estar vivo.
E o planeta é sustentável; a espécie humana é que não o é.
Tenho cá para mim que o vegetarianismo/veganismo e outros assemelhados são modalidades modernosas de autoflagelo. Privar a alma dos prazeres sensoriais proporcionados por certos alimentos e o corpo de nutrientes essenciais a ele, e só nestes alimentos contidos, só pode ser autoflagelo. Autopunição.
Nunca se perguntaram por que certos alimentos nos causam tanta gula, nos dão tanto prazer, nos trazem tanta água à boca? Porque justamente nestes alimentos é que estão os nutrientes que são mais caros e necessários e indispensáveis ao bom funcionamento da máquina.
Quem, em sã consciência, saliva de luxúria à visão de uma salada de alface com couve-de-bruxelas salpicada com sementes de quinoa e painço? Só uma mente muito torta, muito pervertida. De repente, pode ser isso também, o vegetarianismo/veganismo serem uma tara, um fetiche. Alface é para elefante, vaca e coelho. Painço, para passarinho.
Mas continuarei apostando na hipótese da autoflagelação. Para espiar a culpa por toda a devastação causada pela espécie humana. Autoflagelando-se, o vegetariano/vegano espiaria, se não os pecados de sua espécie, ao menos o seu pecado de a ela pertencer. O vegetariano/vegano seria um tipo de Jesus ambientalista. Os Greenpeaces de Cristo. Deus me livre.
Culpa pela própria condição biológica? Gosto e tenho orgulho de ser um ser humano? Em raríssimas vezes. Acredito que a natureza oferece milhares e muito melhores possibilidades de formas de vida. Mas o sou. Posso não morrer de amores pela minha condição biológica, mas sentir culpa por ela? De predador e parasita do planeta? De jeito nenhum.
Sem que eu me lembre de nenhuma exceção, todos esses novos apóstolos do vegetarianismo/veganismo que conheço são de viés político esquerdista. Todos votaram no Lula e na Dilma. Coincidência? Porra nenhuma.
O esquerdista é um fanático. E, como tal, um exímio simulador de realidades, especialista em substituir os fatos por suas crenças fracassadas. A realidade do esquerdista não é a que ele vê, vive, sente na pele, é a que está no seu cérebro lavado e enxaguado, é a que está no seu catecismo ideológico.
Logo, nada mais fácil e natural para o esquerdista do que negar sua condição biológica, de se idealizar e de se retratar como um ser independente e acima de seus cromossomos, uma entidade superior e única no planeta capaz de transcender o seu genoma. Um ser puramente ético e moral, não orgânico. Praticamente um ser de luz. Luz esta, no caso do esquerdista, roubada de um poste da companhia de eletricidade (esta exploradora do proletariado), obtida na forma de "gato".
Pois não vem da esquerdalha a abjeta e mal-intencionada (como sempre) ideologia de gêneros? Aquela que diz que ninguém nasce homem nem mulher? Que o sexo é uma construção social?
Construção social é o caralho! Aliás, o caralho, não! O caralho é uma construção biológica! Verdade que uns são bem mais projetados, foram construídos com mais argamassa e concreto armado, melhor acabamento e funcionalidade, verdadeiras mansões; já outros estão mais para um apartamento quarto-e-sala (infelizmente), mas tudo construção biológica.
Nasceu com cromossomos X e Y, nasceu com caralho. É homem. Agora, com quem ou como ele vai usar esse caralho é outra história, e só cabe a ele decidir. Mas é homem.
Nasceu XX, nasceu com buceta. É mulher. Se vai pô-la a brigar com cobra ou com aranha é outra questão, e só cabe à dona da perseguida resolver. Mas é mulher.
Pois para o sujeito que é capaz de negar o próprio pau entre as pernas, nada mais fácil que dizer - e acreditar - que não prescinde de proteínas, e mesmo de vitaminas, exclusivamente de origem animal. Construímos nossos corpos do que comemos. Somos animais. Semelhante cura semelhante, diz a homeopatia. Semelhante dissolve semelhante, diz a química de soluções. Semelhante constrói semelhante, diz a biologia celular.
De novo, o esquerdista sobrepõe sua crença ao fato óbvio ululante.
Estão lá a batata, a beterraba, a abobrinha. Meu organismo está equipado mecânica e bioquimicamente para mastigá-las, ingeri-las, digeri-las, absorvê-las e convertê-las em energia e em novas células? Sim. Então, é porque ele precisa do que elas contêm. Caso contrário, não estaria equipado para processá-las. Então, eu vou lá e as como. E ponto.
Estão lá a carne de gado, a de frango, a de peixe, os ovos e o leite e seus derivados. Meu organismo está equipado mecânica e bioquimicamente para mastigá-los,
ingeri-los, digeri-los, absorvê-los e convertê-los em energia e em
novas células? Sim. Então, é porque ele precisa do que eles contêm. Caso
contrário, não estaria equipado para processá-los. Então, eu vou lá e os como. E ponto.
Simples e irrefutável assim.
Se autoflagelo, se fetiche, uma coisa é certa sobre o vegetariano/vegano : é tudo gente com a vida ganha, com o burro na sombra, com tempo ocioso demais e com o prato cheio. Tivessem que se preocupar dia a dia com a sobrevivência, comeriam o que lhes caísse à frente, a lamber os dedos e os beiços. Vegetarianismo e veganismo são luxos de quem pode escolher o que comer. Querem coisa mais pequeno burguesa que isso?
Em homenagem aos vegatarianos/veganos, que neste momento devem estar a roer algum nabo, e aproveitando que amanhã é feriado, abri minhas atividades etílicas já hoje, na quarta-feira, passei no mercado e comprei meia dúzia de minhas sacrossantas latinhas. Para beliscar? Para tira-gosto?
Iscas de fígado acebolado, puxado na pimenta-do-reino, e coberto com grossa camada de mussarela derretida. Que deixei a marinar o dia todo no próprio sangue do boi.
4 Comentários
Meu filho cita uma frase (que não sei se é de sua autoria) que diz “nunca fiz amigos comendo salada.
ResponderExcluirE o Vinícius fez um belo soneto que começa assim:
Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.
Esse papo de veganismo é coisa de gente ignorante. Não tenho muito conhecimento para convencer esses malucos de sua insensatez, mas creio que bastaria o exame dos dentes para saber que tipos de alimentos podem ter sido ingeridos desde o surgimento da espécie.
Rapaz, eu conhecia apenas o primeiro verso, não comerei da alface a verde pétala, e nem sabia que era do Vinicius, acho que devo ter ouvido na Escolinha do Professor Raimundo, para você ver a farsa de minha suposta cultura, cultura de palavras cruzadas.
ExcluirGostei. Pretendo escrever ainda duas sequências desta postagem, Vegana que eu gosto (2), Vegana que eu gosto (3). Pretendo, mas sei lá se levarei meu intento a cabo. Caso leve, usarei este soneto do Vinicius.
Em relação à frase do seu filho, conheço uma parecida, frase de bebum : nunca fiz amigos tomando leite.
Aí você me sacaneou! Nem leite com Toddy?
ExcluirRá! Rá! Rá!
ExcluirEu sabia que você ia chiar!
Eu falei só leite, leite com Toddy é diferente, aí já dá um baratinho.