Serguei, o de Vida Eterna

Agora, é verdade.
Serguei, o de vida eterna, abandonou a carcaça que lhe carregou por 85 anos, Sérgio Augusto Bustamante.
Sérgio Bustamante, diz o atestado de óbito, morreu de anemia associada a infecção e a pneumonia.
Serguei morreu de sexo, drogas e rock'n'roll. Que melhor morte, ou, melhor, que melhor vida pode haver?
Serguei pode não ter sido o pai do rock, crédito dado ao diabo, mas foi o seu irmão mais velho, o primogênito a orientar o caçula nas coisas boas da vida.
Serguei era o rockeiro mais velho que o rock'n'roll. Nasceu em 1933, o rock em 1951.
Serguei já era maior de idade quando o bom e velho rock ainda balbuciava e se cagava nas fraldas.
Serguei, sempre subestimado pela crítica, sempre retratado como um maluco beleza, com mais histórias e delírios para contar do que talento para mostrar, era intérprete de primeira, cantava pra caralho, sim. Gravou a melhor versão de Help, dos Beatles (a boy band mais superestimada da história), que eu conheço. Help, na voz dos Beatles, é musiquinha de matinê, de brincadeira dançante, de trilha sonora de novelinha da Globo, contraindicada para diabéticos; na voz de Serguei, é apoteose sinfônica de anjos e querubins, com demoniazinhas tetudas de mamilos flamejantes nos backing vocals.
Aliás, Serguei morreu porra nenhuma. 
Serguei é o Mumm-Rá do rock, o de vida eterna.
Continua vivo, no Inferno, sem dúvidas; a executar os clássicos do rock'n'roll. 
A tocar fogo na guitarra. E na rosca.
Está lá nesse exato momento. A comer a Janis Joplin e a chupar a rola do Jim Morrison.
Serguei se definia como pansexual : transava com homens, mulheres, extraterrestres, árvores e robalos.
Frase de Serguei, ou atribuída a ele : "uma vez no inferno, o negócio é comer o cu do capeta".
O capeta tá andando pelo inferno com a bunda virada pra parede. 
No lugar do capeta, eu também estaria.
Serguei
1933 - 2019

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