Cerveja Haller - Cinco Estrelas na Escala das Boas e Baratas do Azarão

Viajar é bom para conhecer novas paisagens e horizontes? Sim, a gente viaja, as paisagens estão lá e a gente vê. Viajar é lúdico, pois travamos contato com outros costumes e provamos das culinárias locais? Sim, a gente viaja, os restaurantes típicos estão lá, a gente precisa cagar, então, vai lá e come. Viajar é ilustrativo e enriquecedor, pois conhecemos marcos, monumentos históricos e outros pontos turísticos? Sim, a gente viaja, os pontos turísticos estão lá, a gente é turista, então, vai lá e visita.
Mas viajar é melhor ainda para achar novas boas e baratas. Para dar continuidade à minha épica cruzada em busca do santo graal dos bebuns sem grana.
No feriadão da semana passada, fomos a Monte Verde (MG), cidade de montanha, clima mais para o frio mesmo no verão (em pleno novembro, durante a noite, os termômetros marcavam 12, 13ºC), arquitetura estilo alemão/suiço, lugar bom para andar, para a esposa e o filho tomarem chocolate quente, comerem pinhão cozido, strudel, fondue e outros trá-lá-lás.
Lugar ideal para o Azarão entornar. Que macho de respeito não degusta, entorna. O cara que degusta não é sommelier nem cachacier, é caralhier! Aquele biquinho de quem sorve o vinho e/ou a cerveja em curto aspirares nada mais é que a famosa boca de chupar rola.
Macho das antigas, quando solteiro, viaja atrás de bucetas boas e de graça; quando casado, atrás de cervejas boas e baratas.
Assim posto, acompanhei minha esposa e filho em peregrinação pela avenida principal da pequena cidade, pelos empórios de queijos e embutidos, pelas simpáticas fabriquetas de doces e de chocolates, pelos bangalôs de artesanato. Ela à cata de compotas, quitutes e de lembrancinhas para familiares e eu de olho, de butuca em boas e baratas; ocasionalmente, um ou outro peitão balouçante também me furtava a atenção; nem só de cerveja vive o homem.
Até que a vi. Brilhante, em um luxuriante dourado-vermelho. Na prateleira de um pequeno mercado em que entramos para comprar água mineral e levar para a pousada. Antes de prosseguir, um parêntese, em cidades turísticas, mesmo as marcas mais corriqueiras de cerveja têm seus preços superfaturados. Uma cerveja do tipo subzero, kaiser, bavária, itaipava, cujos preços giram em torno de 1,89 reais, 1,99, são vendidas a preço de loja de conveniência de posto de combustíveis, de 2,50 reais para mais. Fim do parêntese. 
E lá estava ela : Haller - Cerveja Lager Clara. Como bom macho das antigas que sou, confesso sem nenhum pudor que não foi o seu conteúdo, a sua beleza interior, que me atraiu à primeira vista - até porque quem gosta de beleza interior ou é decorador, ou é radiologista; quem gosta de beleza interior que vá bater punheta com a revista Casa & Jardim, ou com uma radiografia.
O que me atraiu no primeiro momento foi a beleza dela. Não tanto da embalagem, mas sim da etiqueta de preço nela adesivada : R$ 1,59. Fazendo a conversão cidade turística/cidade normal, ela custaria algo em torno de R$ 1,19, quiçá R$ 1,09, aqui em Ribeirão Preto. Entesei-me na hora. Pauduresci!
Tímido que sempre fui, cheguei a ela cheio de dedos, pisando em ovos. Peguei-a cuidadosamente da prateleira e, lentamente, comecei a desnudar-lhe o rótulo. Ver a procedência, a graduação alcoólica, o pedigree. Era do tipo lager, graduação alcoólica de 4,6% e fabricada na cidade de Socorro (SP), município do famoso e terapêutico Circuito Paulista das Águas.
Decidi que dava pra encarar. Totalmente pegável. Como dizia um amigo meu, Júlio César Barbosa, o mítico Porpeta, "essa dá pra comer beijando". Comprei meia dúzia. Só pra experimentar. A esposa não quis arriscar, nem se deu ao trabalho de ouvir meus argumentos, foi de Itaipava, mesmo.
Na pousada, pu-la a gelar e, quarenta minutos depois, dei-lhe a primeira beiçada. Não vi se a espuma se mantinha por muito tempo, não lhe notei a carbonatação, não reparei na transparência e na turbidez, não lhe aspirei as notas presentes (ou não) de malte e lúpulo, não lhe verifiquei a acidez nem a adstringência nem nenhuma outra viadagem. Apenas dei-lhe uma boa duma beiçada, uma boa duma talagada.
Aprovei! Pãããããããta que o pariu se aprovei. Chamei a esposa, pedi que também experimentasse. É, caros leitores, ser casada com o Marreta tem lá suas vantagens, mas exige seus sacríficios. Ela pôs na boca já com a intenção de não gostar. Bebeu, tomou outro gole, e outro. Não é ruim, disse. Foi a consagração da boa e barata. Minha esposa não dá o braço a torcer de jeito nenhum para as minhas descobertas cervejeiras. Prefere não incentivá-las, não quer se tornar uma cobaia da indústria cervejeira. Dizer que uma boa e barata comprada por mim "não é ruim", é o elogio máximo de sua parte. E também não se empolga : perguntei, uma vez que tinha gostado, se queria que eu lhe abrisse uma lata; respondeu que não, que ia de Itaipava, mesmo.
Entornei a meia dúzia sozinho, sem nenhuma mágoa. Com uns provolones e uns chouriços defumados.
Ei-la, caros leitores manguaceiros do Marreta. Recomendo! Haller - receita alemã com alma brasileira!!!

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8 Comentários

  1. Enquanto isso, em Monte Verde, o cálice da de 500 ml Erdinger custava R$30,00. E isso foi há dois anos atrás.

    Como já deixei claro antes, não concordo com todas as suas opiniões, naturalmente.

    Prefiro pagar um pouco mais caro, mas beber uma cerveja melhor. Sem viadagem também. E afinal, já não sou mais o chapador de outrora.

    Isso me lembra daquele post seu do cara que ficava degustando cerveja 2 horas e ainda não tinha comido sua vizinha, hehe.

    Mas visando cumprir o objetivo primordial de chapar o melão, para quem já pagou R0,99 na Bavaria de 600 ml descartável nos tempos de universidade, de modo algum posso recriminá-lo.

    Beer, always beer. Valeu.

    Valeu.

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    1. E acho que nem chegou a comer... vai ver a buceta dela não era gourmert.
      Há, em Monte Verde, não sei se chegou a visitar, um meio-termo entre a boa e barata e a Erdinger, que é a Cervejaria Fritz, artesanal etc. Tomei uma caneca de 500 ml(duas, na verdade) de umas cervejas deles, uma de trigo, inclusive, todas girando na faixa dos 17,18 reais.
      Tenho até a intenção de fazer uma postagem aqui sobre isso, vamos ver se a preguiça deixa.
      E, sim, cerveja, sempre cerveja.

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    2. Mas nem fudendo que eu ia dar 20 Temers em uma caneca de cerveja DE TRIGO. Essa porra nem é cerveja, isso é frescura de quem baba ovo orgânico, coisa de quem come pão de queijo de batata doce.

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    3. Visitei. Trouxe uns exemplares para casa, mas não gostei tanto.

      Nas suas palavras, já que não degusto novas bucetas, ao menos do prazer das novas cervejas eu não me furto.

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    4. Ao anônimo do pão de queijo de batata doce digo que toda cerveja, uma vez que feita com matéria vegetal, seja ela qual for, é orgânica. E me esqueci de dizer que, nessa promoção, você tomava duas canecas de 500 ml e a caneca vinha junto, ou seja, o líquido em si saía praticamente de graça.
      Vou ver se posto a foto do canecão aqui.

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    5. 20 Temers? Não sabia que existia nota de R$1,50.

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  2. Aprovo! Encontrei essa no Simioni para comprar, pelo custo, muito boa.

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