"O governo e o PT tentam transformar Sergio Moro no vilão do escândalo da Lava Jato. O juiz, que já foi chamado de golpista, de ditador e até mesmo de gângster, é acusado de atentar contra a soberania nacional, imputação que comprova a ilimitada capacidade do ser humano de proferir asneiras.
Moro –não custa lembrar às viúvas do Lula de 1989– nunca foi líder do 
partido envolvido na pilhagem da Petrobras, tampouco obteve benefícios 
de empreiteiras ou levou centenas de objetos pessoais para um sítio que 
não lhe pertence –a perícia não achou nenhuma peça dos alegados donos do
 imóvel na propriedade.
O magistrado cometeu erros nesses dois anos da operação? É provável, 
ainda que mereça muito mais elogios do que críticas. Cabe à própria 
Justiça fazer um exame das suas decisões –ao ordenar a Moro o envio da 
apuração sobre Lula ao STF, Teori fez críticas à atuação do juiz no 
episódio das escutas do ex-presidente.
Ainda que Moro tenha agido de modo inapropriado na divulgação das 
conversas, sua conduta não pode ser utilizada como cortina de fumaça 
para a estarrecedora operação de obstrução das investigações efetuada 
por Lula e Dilma.
O ex-presidente orientou o ministro da Fazenda a pressionar a Receita 
por conta das auditorias no Instituto Lula, derrubou o da Justiça por 
considerar que ele não tinha controle da Polícia Federal e exigiu que o 
sucessor cumprisse "papel de homem" –ato contínuo, o novo titular 
ameaçou trocar toda a equipe da PF.
Dilma, por sua vez, nomeou para o ministério um aliado que é alvo de 
pedido de prisão, beneficiando-lhe com o foro privilegiado. Para a OAB, 
cometeu crime de responsabilidade.
Moro, deveria ser desnecessário dizer, não é o problema.
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Chico Buarque reprimiu um artista por expressar sua opinião e foi 
aplaudido pela crítica. É difícil saber o que causa mais espanto."

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