Perdi várias noites de sono
A ver meu filho se consumir em febre,
Em tosse,
Em respiração obstruída;
A medicá-lo,
A ajustar despertadores,
A monitorar sua temperatura,
A assistir à orgia de bactérias
Em seu pequeno e vulnerável corpo,
Que nada sabe de se defender,
Só de rir, de ser pequeno e vulnerável.
Vou passar, hoje, outra noite em claro.
Para ver meu filho
- já curado -
Dormir com a fronte fresca,
A garganta sem trovejares,
As narinas em leve ronronar;
A contemplá-lo,
A niná-lo com meus olhos,
A assistir à projeção de seus sonhos felizes
Em sua face que sorri, se contrai e balbucia,
Em seus bracinhos e pernas
Que continuam despertos, espertos, durante seu repouso.
Tantas noites perdidas com doenças...
Por que não reservar algumas delas também para observar a saúde?
Farei isto mais vezes !
Amanhã - que já é hoje -,
Estarei um caco, um bagaço,
Um molambo de olheiras profundas
A esmolar por uma xícara de café forte :
Um zumbi feliz,
Rindo à toa.
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