A Natureza É Foda

O ser humano, primeiramente, inventou deus, e, depois, inventou que foi criado por esse deus à Sua imagem e semelhança.
Daí ele se vangloriar de suas habilidades - inatas ou adquiridas -, de suas destrezas e potencialidades, julgando-se a nata da ricota, tomando-se por superior aos outros animais, como se somente ele, o inepto humano, fosse capaz de grandes façanhas.
De suas pretensas qualidades, é do sexo que ele mais gosta de se jactar. O ser humano se acha o grande fodão do planeta, o único animal que fez da cópula uma fonte de prazer e diversão, que elevou um mero instinto a uma forma de arte.
Inventa posições, taras, fetiches, perversões, promove bacanais, orgias, festas bunga-bunga (ave, Berlusconi), cria acessórios, cremes, pomadas, óleos, chicotes, algemas, drogas para aumentar a paudurescência, trepa com o pau, boca, cu, buceta, orelha, sovaco.
Morre, é bem verdade, de sífilis, AIDS, HPV etc, mas não importa, ele é o fodão, o bam-bam-bam da metelança, o ás do sexo do planeta, certo?
Certo porra nenhuma. Comparado a alguns animais, o ser humano é praticamente um celibatário, um virgem cheio de acnes e de mãos cabeludas, um punheteiro. Em termos de variantes sexuais, bizarrices e potência caralhal, o ser humano é o mais incipiente dos seres, um mero aprendiz.
O macho do hipopótamo tem uma maneira muito peculiar de mostrar à fêmea que ele é um sujeito apto ao acasalamento, um cara com o qual vale a pena gastar preciosos óvulos. Ele caga e, com a rotação da cauda, ventila a merda em direção à sua amada. Pelo cheiro, gosto, textura e consistência, a fêmea sabe se ele é um reprodutor saudável, dono de um respeitável patrimônio genético. E dá para ele.
Já as fêmeas humanas aprontam o maior escândalo por causa de um inofensivo peidinho que seus maridos, eventualmente, deixam escapar. Os machos dos hipopótamos é que são felizes.
O macho do porco-espinho, para demonstrar sua pujança, lança um longo jato de urina contra a fêmea, seis metros de mijo, o equivalente a trinta metros para os padrões humanos. Já as fêmeas humanas quase antecipam a TPM por causa de simples e singelas gotinhas de mijo que os maridos deixam respingar nas bordas e na tampa da privada. Os machos do porco-espinho é que são felizes.
As fêmeas de cobra da espécie Thamnophis sirtalis infernalis chegam a acasalar com mais de 100 machos ao mesmo tempo. O ato vira um novelo de cobras engalfinhadas, com uma única fêmea ao centro, e os machos ficam lá, enroscados, esperando sua vez. E como cu de cobra não tem dono, volta e meia acontece de um macho ser confundido por outro. Os machos dessa cobra não são nada felizes.
As fêmeas da hiena são extremamente masculinizadas. Além de maiores e mais fortes que os machos, elas apresentam uma pseudobenga, um pênis falso que fica ereto durante o acasalamento e é maior do que a piroca do parceiro. Hiena fêmea é tudo travecão. Cabendo aqui a eterna pergunta : do que o macho da hiena tanto ri?
A lesma da espécie Ariolimax dolichyphallus (dolichyphallus significa pênis gigante) tem um cacete cujo tamanho médio varia de 15 a 20 cm; detalhe, o corpo inteiro desse animal também mede de 15 a 20 cm. É como se um ser humano tivesse um pau de 1,70m, 1,80m, e assim por diante. 
E o ser humano ainda fica venerando alguns dos chamados bem-dotados da espécie. A exemplos, os internacionais Long Dong Silver e John Holmes e o brazuca Kid Bengala, com suas piroquinhas de, respectivamente, 45, 38 e 32 cm.
Mesmo sendo hermafroditas, essas lesmas precisam de um parceiro(a) para o acasalamento, e quando dois desses animais se encontram, a decisão é simples, quem tem o pau maior, come, quem tem o menor, dá. Desconfio que, hermafroditas que são, as lesmas dessa espécie sejam duplamente felizes.
O macho do golfinho nada tem daquela figura dócil, delicada, quase assexuada, que o cinema nos vende. O golfinho macho, na época do acasalamento, pode trepar por horas e horas a fio, com várias fêmeas, acaba com uma e já parte para a próxima. Se, por acaso, faltarem fêmeas da espécie para aplacar seu desejo sexual, ele não se aperta : chega a atacar sexualmente tartarugas marinhas.
O golfinho é adepto do sexo interespécies. O golfinho é zoófilo. Puta que o pariu! A propósito, eu também sou zoófilo. Aliás, zoófilos, todos os machos humanos normais são. Ou trepamos com samambaias, violetas, ipês, flamboyants e cajueiros? Somos fitófilos por ventura? Eu não! Nem vegetariano, sou.
Já começo a olhar para o Flipper com outros olhos, de respeito e inveja. E medo. Surpreendeu-me tamanho apetite dos golfinhos, mas não deveria ter. Afinal, não é o boto o grande fodelão da Amazônia?
E não para por aí. A jeba do golfinho, à semelhança da cauda de certos símios, também é capaz de pegar e manipular objetos. É verdade! Nem é um pau, está mais para um tentáculo. Essa habilidade tátil e prênsil seria de grande utilidade a nós, machos humanos.
Estamos lá, no sofá, em nossos raros e merecidos momentos de ócio, uma mão a segurar a indefectível cerveja, a outra se alternando entre fisgar algum petisco e folhear algum livro, revista ou palavra cruzada. E o controle remoto da TV, sempre à mercê de que a mulher nos tome? 
Seria só segurar com a jeba. Seríamos imbatíveis.

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