Depois
 do ano mais seco de que eu me lembro - nem em setembro choveu, nos 
fazendo perder a piada de tiozão, setembrochove -, as redentoras águas, 
finalmente, voltaram, se intensificaram e se regularizaram. Com a volta 
das constantes chuvas, eles, quietinhos, a hibernar no solo sequioso, 
também ressurgiram, os cogumelos, os príncipes do Reino Fungi. 
Formei-me
 em Biologia, licenciei-me nela. E só. Não me especializei em nenhuma de
 suas áreas. E creio que nem vá, mas se acontecer um dia, ou numa outra 
vida, será no Reino Fungi, um dos mais belos, versáteis e enigmáticos da
 natureza.
Os fungos são o Bombril da Natureza. Há os comestíveis in natura,
 os utilizados na produção de alimentos já manufaturados pelo homem, 
como queijos, coalhadas, iogurtes e pães, há os utilizados na indústria 
farmacêutica na produção de antibióticos, há os santos fungos utilizados
 no preparo de bebidas como o vinho e a cerveja, há os bad boys, os 
venenosos, há até os fungos "recreativos" cujos chás promovem aquele 
barato. 
Além
 disso, são fundamentais na reciclagem da matéria orgânica no ambiente. 
Decompositores que são degradam a matéria orgânica morta em substâncias 
inorgânicas simples e a devolve ao meio na forma de minerais e outros 
nutrientes.
Fungos
 são os não-binários da Natureza. Possuem tanto características vegetais
 quanto animais, mas não se identificam com nenhum deles. 
Como
 os vegetais, eles têm parede celular, mas ela não é de celulose, sim de
 quitina, o mesmo polissacarídeo componente da carapaça de artrópodes 
como insetos e crustáceos. 
Como
 os vegetais, eles apresentam estruturas que lembram raízes e caules, 
mas não possuem clorofila, não são capazes de realizar a fotossíntese. 
Como
 os animais, alimentam-se de outros seres vivos, podendo ser 
decompositores ou parasitas, mas não o fazem por ingestão, sim por 
absorção (como os vegetais) : lançam enzimas digestórias sobre os seus 
almoços, digerem-os externamente e depois absorvem apenas o néctar do 
processo. Armazenam glicogênio, como os animais, e não amido, como os 
vegetais.
Enfim, uma área de estudo infindável, um prato cheio para os que gostam de contradições e de quebra-cabeças.
Ontem
 pela manhã, o sol ainda nem raiara, ao passar por uma praça, sob a 
proteção de um grande pinheiro, lá estavam eles, uma meia dúzia de 
grandes e belos cogumelos.
Que podem ser olhados e apreciados de duas formas.
1) Sem tomarmos o seu chá :
2) Tomando o seu chá :
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3 Comentários
Nunca gostei de biologia, principalmente a parte de plantas, mas o texto ficou interessante. Muito menos tomei chá...
ResponderExcluirRapaz, seu texto ficou super legal, muito mesmo. E você entende muito! Me fez lembrar de um diretor muito foda com quem trabalhei. Um dia ele disse para um colega (que me contou): "nunca estudei saneamento, mas sei mais que qualquer um". E isso provavelmente era verdade, pois com uns setenta anos ou mais ainda comprava livros de engenharia e traçava. Você podia fazer uma specialização/prazer nessa área. Parabéns pelo texto pelas imagens lisérgicas.
ResponderExcluirUm pouco, talvez, seja saudade de dar aulas. Que fique claro: saudade de dar aula, nenhuma, no entanto, do que hoje se chama uma sala de aula. Pode parecer contraditório. E até é. Mas não fui eu quem criou essa contradição.
ExcluirFalando em textos legais, quando é que você vai voltar com material inédito?