A Sete Palmos

Talvez, o dogma mercadológico mais conhecido e difundido seja : quem não tem competência não se estabelece.  Ou, como diria Abelardo Barbosa, que está com tudo e não está prosa : quem não se comunica, se trumbica. 

Ainda mais nos dias de hoje, num mercado cada vez mais massificado e globalizado. Ou o cara descobre ou escava um novo nicho ou reinventa a roda dentro de um setor tradicional.
Redescobrir o Ovo de Colombo foi a opção de algumas agências funerárias da cidade africana de Acra, capital de Gana.

Os papa-defuntos ganenses investiram no serviço de personalização de caixões,  ou, como dizem hoje os afrescalhados de plantão, de customização de urnas funerárias.

Esculpidos artesanalmente em diversos formatos por carpinteiros especializados, os caixões fazem referência à profissão outrora exercida pelo defunto ou representa sua posição social.


Assim, se o sujeito foi sapateiro, é sepultado num caixão 44 bico largo; se alfaiate, literalmente, num paletó de madeira; se pescador, na barriga de um peixe, e assim por diante.


E se a moda pega por aqui? Um farmacêutico passará a eternidade dentro de um caixão em forma de uma drágea de rivotril; uma manicure, num ataúde de vidro em forma de esmalte; um lixeiro, numa lata de lixo; um veterinário, dentro de um poodle toy; um ator, num caixão na forma do Oscar.

O suposto presidente Lula, dentro de um caixão triplex, ou na forma de uma cela da Papuda, caso haja justiça após a morte.
E o Kid Bengala, então? Dentro de um enorme caralhão talhado no mais reluzente e luzidio ébano. 

E eu, que desgraçadamente morrerei professor, antecipo aqui um alerta aos meus desafetos e amigos canalhas. Aliás,  mais que um alerta, uma ameaça : se me sepultarem num caixão em forma de um apagador e caixa de giz, eu voltarei para assombrá-los todas as noites. 

Para lhes puxar os pés. Mais : enfiar-lhes o dedo no toba. Mais ainda : invadirei seus sonhos e ministrarei aula do ciclo de vida das briófitas e das pteridófitas.
Pãããããta que o pariu!!!!!!!
Enterrem-me num esquife em forma de um latão de Lokal. Cheio e gelado, de preferência!

Essa reportagem, lembrou-me de uma piada.
O bêbado, pensando ser festa, entrou por engano num velório. Achou estranha a decoração. Balões em forma de coração, guirlandas e coroas fúnebres também cordiformes. Até um adorno confeccionado em papel celofane e crepom sobre o caixão a simbolizar o órgão do amor.
O bêbado, então, perguntou o motivo de tantos corações. - É que o defunto foi um médico cardiologista e a decoração era uma homenagem à sua especialidade.
O bêbado desatou a rir, desbragadamente.
Repreendido e chamado ao decoro, o homem quis saber o motivo de tanto riso.
Disse o bêbado : tô imaginando aqui se ele fosse ginecologista.

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4 Comentários

  1. Marreta num esquife modelo latinha de Lokal.

    Acho caixão um desperdício de madeira. Poderiam fazer como no sertão antigo: embrulhar na rede do de cujus e jogar no buraco.

    Abç

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  2. Se essa moda pega mesmo vai pirar a cabeça dos arqueólogos do futuro. Claro, se houver futuro.
    Outra piada boa é esta: A viúva chorando do lado do caixão e gritando:
    - Coitadinho do meu marido, morreu que nem um passarinho...
    Dois bêbados veem aquela algazarra e um pergunta para o outro:
    - De que será que o cara morreu?
    - Sei lá, deve ter sido de estiligada

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  3. Fantástico. Pelo menos, morre-se com estilo.

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