Sempiterna

O que fazer
Com esta saudade,
Que não é biodegradável,
Que nem fungos nem bactérias nem vermes
Se lançam a ela em banquete,
Por medo de intoxicação alimentar?

O que fazer
Com esta saudade,
Que é sempiterna,
Que não é feita em pó pela moenda dos anos,
Que nem o deus Cronos
Ousa matar, cremar e guardar na urna funerária de uma ampulheta,
Sob o risco de esgarçar o tecido espaço-temporal?

O que fazer 
Com esta saudade,
Que não é reciclável,
Que nem catadores de lixo e de latinhas de cerveja querem,
Por não darem centavo pelo quilo dela nos ferros-velhos
(e eu a tenho às toneladas)?

O que fazer
Com esta saudade,
Que não vira fossa
Nem vira festa,
Que não some das fotos,
Que já virou fóssil?

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