Se realmente penasse
As agruras que digo que sinto.
Imagine os horrores descritos
Se em verdade sangrasse
As feridas que em mim maquio.
Imagine as barbaridades que de minha pena estuporariam
Caso, de fato, me acercassem
Todas as desgraças e azares que invento.
Imagine as temeridades que abortariam de minha esferográfica
Se a cólica de rins tão alardeada
Não fosse, enfim, somente unha podre e encravada.
Imagine as atrocidades que minha caneta cometeria
Se o que eu sofro não fosse somente o que eu minto
Se em vez dessa pálida vodka de mercearia
Eu dispusesse da verde aurora boreal do absinto.
5 Comentários
Estou para dizer que é o melhor poema que já li aqui no blog.
ResponderExcluirOra, então diga, porra!
Excluir«O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.» É isso?
ResponderExcluira minha modesta interpretação disso.
ExcluirSurreal, Marreta!
ResponderExcluirSomos uma fraude muito bem planejada.