O Cuidador Desleixado

Não sei cuidar de planta,
Não sei cuidar de bicho,
Não sei cuidar de mim.
Contudo,
O boldo do vaso nunca adubado,
Na sacada,
Há três anos consecutivos,
Por essas épocas,
Saúda a minha passagem com salvas de tiros
De inflorescências roxas
E uma pequena azaleia
Suspira rosa por mim
Quando retiro suas folhas mortas
E as coloco aos seus pés.
Não sei cuidar de planta,
Não sei cuidar de bicho,
Não sei cuidar de mim.
Contudo,
Tenho duas gatas,
Uma preta e outra malhada,
Uma de pelo longo, outra de pelo curto,
Duas senhorinhas de 8 anos de idade
Que adoram se enrodilhar em mim ao fim da noite,
Que disputam meu colo como brigam por sua tigela de ração
Ou por seus novelos de estimação.
Não sei cuidar de planta,
Não sei cuidar de bicho,
Não sei cuidar de mim.
Contudo,
Meu hemograma
E meu exame da próstata
Estão nos conformes,
E o pau,
Se requisitado,
Ainda sobe duas ou três vezes por semana.

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2 Comentários

  1. Não sei cuidar de planta,
    Não sei cuidar de bicho,
    Não sei cuidar de mim
    Cara, isso ficou muito legal, ainda mais com a repetição. Gostei mesmo! JB

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    1. Obrigado, JB.
      E isso da repetição surgiu de última hora, quando fui digitar; no original, no papel, no meu velho caderninho, ela só aparecia no início.

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