Intumescidos
Inchados
Pés de pé de cana
Varicosos
Calcanhares rachados
Cheios de estrepes e carrapichos
Paquidérmicos
Praticamente elefantinos
Mas são meus pés
Meus rastros atolados no barro
Minhas pegadas em carne viva no asfalto derretido.
Translúcidas
(quase lúcidas)
Diáfanas
De fada
De bolha de sabão
De paina
De dente-de-leão
Mas eram suas asas
Suas vistas aéreas
Suas fotos de satélite.
2 Comentários
Como sou ignorante, eu entendi como dois poemas distintos, o que não tira sua excelência. Pelos "pés de pé de cana", duvido que sejam antigos, da "época da criatividade". Muito bom.
ResponderExcluirEu o imaginei como um único texto, o que não tira, evidentemente, o valor de sua interpretação em tê-lo visto como dois. Essas coisas meio que não-lineares dão margem a várias interpretações, que, muitas vezes, nem mesmo o autor imaginou.
ExcluirE não é antigo, não. É recente, fresquíssimo, embora eu me valha de certos exageros "literários". Meus pés ainda não estão feito os dos pés de cana. Ainda. Eu falo muito, mas eu maneiro na cerveja.