Não aconselho esperança,
Não promovo expectativas,
Não incentivo reviravoltas
Não propilo recomeços.
Muito menos, faço a semeadura
Da discórdia, da desavença,
Do dissabor, da dissidência,
Do divórcio.
Se me tomas por jardineiro de tais gérmenes,
Por menino do dedo verde
De novos viços e paisagens,
Engana-te.
É que há tanto a terra anda estéril
Que anseias por qualquer nova vida,
Nova safra,
Que julgas por frondoso oásis, rasteiro canteiro de ervas daninhas
Ou de urtigas.
Sequer trago sementes em meu farnel :
Sou o gótico Sandman,
O matuto João Pestana.
Guardo somente areia e cinzas em meu embornal,
De Bagdá,
De Sodoma e Gomorra,
Da Biblioteca de Alexandria,
De Hiroshima e Nagasaki,
Das Torres Gêmeas.
Em suma, sou Sonho :
Não sou real nem miragem
Nem original nem pirata
Nem bom caráter nem cafajeste
Não prometo nem perjuro
Não afago nem apunhalo.
Em suma, sou Sonho :
Faço o que é de minha natureza.
4 Comentários
Gostei do final.
ResponderExcluir"J"
Para mim, que sou bronco e caipira, este talvez seja o melhor texto que já escreveu. E fez uma referência tipo "onde está Wally" (o menino do dedo verde).
ResponderExcluirEsse marreta é arretado.
ResponderExcluirGostei de tudo.
"L"
"L"? O que é isso, agora? Algum tipo de esquizofrenia alfabética?
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