Essa, eu escrevi há uns 10 anos e até hoje não consegui lhe dar um título que me agradasse. Acho que é filha tão dileta que nenhum nome está à sua altura
(SEM TÍTULO)
Vai-se mais um dia embora,
Derrama-se outro entardecer.
É domingo : a tristeza foi almoçar fora.
Mas não tarda em aparecer.
Pra me deixar cabisbaixo,
Pra me tornar um neném,
Fralda suja, todo alquebrado
Sem colo pra me encolher.
E eu disfarço minha casa
(Quem sabe ela passe sem bater)
Com música, gente e risada
Pra ela não me reconhecer.
É outro dia que se acaba,
É outro dia que se acaba,
Desponta outro entardecer.
A tristeza foi às compras no shopping,
Mas logo há de aparecer.
E vem com fome danada,
Vem pra filar meu café,
Meu leite, meu bolo embolorado
Confiada, vai ligar a TV.
E eu pinto minha fachada
(Azuis, verdes, salmões...)
Com cores que ela não quer ver
A dizer-lhe que aqui não é boa morada
A dizer-lhe que aqui não é boa morada
Pra quem vive de entristecer.
É outro dia que finda,
É outro dia que finda,
Caminha outro entardecer
A tristeza se deixou a beber com os amigos : está atrasada.
Mas não falha em aparecer.
Vem pra me deixar de olhos baços,
Tomar-me nos braços, me fazer entender
Que essa vida não vale a pena,
A pena de tanto viver.
E ela chega tarde da noite
(Eu recolhido, pijama, banho tomado)
Sem barulho, pra não me aborrecer,
Debruça-se no leito ao meu lado
E me beija a testa pra eu adormecer.
1 Comentários
Eu a chamaria "Amásia".
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