Pondé foi direto ao alvo em relação aos nossos "bons" indígenas : "Sou contra parques temáticos culturais (reservas) que incentivam 
dependência estatal e vícios típicos de quem só tem direitos e nenhum 
dever. Adultos condenados a infância moral seguramente viram pessoas de 
mau-caráter com o tempo"
Abaixo o texto na íntegra, publicado na Folha de São Paulo de hoje, 19/11; os trechos destacados em vermelho são por minha conta.
Guarani Kaiowá de boutique 
As redes sociais são mesmo a maior vitrine da humanidade, nelas vemos 
sua rara inteligência e sua quase hegemônica banalidade. A moda agora é 
"assinar" sobrenomes indígenas no Facebook. Qualquer defesa de um modo de vida neolítico no Face é atestado de indigência mental. 
As redes sociais são um dos maiores frutos da civilização ocidental. Não
 se "extrai" Macintosh dos povos da floresta; ao contrário, os povos da 
floresta querem desconto estatal para comprar Macintosh. E quem paga 
esses descontos somos nós.
Pintar-se como índios e postar no Face devia ser incluído no DSM-IV, o 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
Desejo tudo de bom para nossos compatriotas indígenas. Não acho que 
devemos nada a eles. A humanidade sempre operou por contágio, 
contaminação e assimilação entre as culturas. Apenas hoje em dia 
equivocados de todos os tipos afirmam o contrário como modo de afetação 
ética.
Desejo que eles arrumem trabalho, paguem impostos como nós e deixem de 
ser dependentes do Estado. Sou contra parques temáticos culturais 
(reservas) que incentivam dependência estatal e vícios típicos de quem 
só tem direitos e nenhum dever. Adultos condenados a infância moral 
seguramente viram pessoas de mau-caráter com o tempo.
Recentemente, numa conversa profissional, surgiu a questão do porquê o 
mundo hoje tenderia à banalidade e ao ridículo. A resposta me parece 
simples: porque a banalidade e o ridículo foram dados a nós seres 
humanos em grandes quantidades e, por isso, quando muitos de nós se 
juntam, a banalidade e o ridículo se impõem como paisagem da alma. O 
ridículo é uma das caras da democracia.
O poeta russo Joseph Brodsky no seu ensaio "Discurso Inaugural", parte 
da coletânea "Menos que Um" (Cia. das Letras; esgotado), diz que os maus
 sentimentos são os mais comuns na humanidade; por isso, quando a 
humanidade se reúne em bandos, a tendência é a de que os maus 
sentimentos nos sufoquem. Eu digo a mesma coisa da banalidade e do 
ridículo. A mediocridade só anda em bando.
Este fenômeno dos "índios de Perdizes" é um atestado dessa banalidade, 
desse ridículo e dessa mediocridade.
Por isso, apesar de as redes sociais servirem para muita coisa, entre 
elas coisas boas, na maior parte do tempo elas são o espelho social do 
ridículo na sua forma mais obscena.
O que faz alguém colocar nomes indígenas no seu "sobrenome" no Facebook?
 Carência afetiva? Carência cognitiva? Ausência de qualquer senso do 
ridículo? Falta de sexo? Falta de dinheiro? Tédio com causas mais comuns
 como ursinhos pandas e baleias da África? Saiu da moda o aquecimento 
global, esta pseudo-óbvia ciência?
Filosoficamente, a causa é descendente dos delírios do Rousseau e seu 
bom selvagem. O Rousseau e o Marx atrasaram a humanidade em mil anos. 
Mas, a favor do filósofo da vaidade, Rousseau, o homem que amava a 
humanidade, mas detestava seus semelhantes (inclusive mulher e filhos 
que abandonou para se preocupar em salvar o mundo enquanto vivia às 
custas das marquesas), há o fato de que ele nunca disse que os 
aborígenes seriam esse bom selvagem. O bom selvagem dele era um 
"conceito"? Um "mito", sua releitura de Adão e Eva.
Essas pessoas que andam colocando nomes de tribos indígenas no seu 
"sobrenome" no Face acham que índios são lindos e vítimas sociais. Eles 
querem se sentir do lado do bem. Melhor se fossem a uma liquidação de 
algum shopping center brega qualquer comprar alguma máquina para 
emagrecer, e assim, ocupar o tempo livre que têm.
Elas não entendem que índios são gente como todo mundo. Na Rio+20 ficou 
claro que alguns continuam pobres e miseráveis enquanto outros 
conseguiram grandes negócios com europeus que, no fundo, querem meter a 
mão na Amazônia e perceberam que muitos índios aceitariam facilmente um 
"passaporte" da comunidade europeia em troca de grana. Quanto mais iPad e
 Macintosh dentro desses parques temáticos culturais melhor para falar 
mal da "opressão social".
Minha proposta é a de que todos que estão "assinando" nomes assim no 
Face doem seus iPhones para os povos da floresta.
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