Então
Estava lá eu
A terminar a última vodka-tônica da noite
A acompanhar minha esposa
Em um seriado de sua preferência
E ao me levantar do sofá
Para mijar
Dei uma travada,
Algo fisgou minha tentativa
O que doeu? - perguntou ela.
As costas? Os joelhos?
(sabendo-me ela já velho dos ossos e articulações).
Não - respondi
(sem nenhuma mentira).
Doeu-me a alma.
Destinada a voar
Mas posta em cadeira de rodas pela realidade.
Dói-me não o corpo,
Este
Esperado mesmo que doa,
Ranja, reclame...
Uma vez que às portas de sua sexta década
Mas sim a alma
A qual se espera
Que
Com a idade
Adquira serenidade e leveza
Inversamente proporcionais
À do flácido e rotundo corpo.
Mas comigo
Como sempre
Não contrariando minha sina
O contrário se instala.
O corpo mostra-se lépido
Magro, ossos fortes
Músculos e articulações capazes de minimaratonas diárias
Hemograma digno de ser emoldurado e exposto no Louvre.
A alma, já a alma
Ah, pobre alma :
Diabética, hipertensa, deprimida, ansiosa, anêmica
Urêmica, cirrótica, leprosa, cardíaca e sifilítica.
3 Comentários
Eu te entendo, Marreta, te entendo muito!
ResponderExcluir...é o ciático da alma...sempre dá problema...
ResponderExcluirSempre...
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