Carnavais na Lua (Ou : de máscaras e de buracos negros)

Nos reconheceríamos,
Bela e ausente Colombina,
Sem as nossas máscaras negras?
Fora dos salões de nossas folias particulares,
Dos nossos carnavais existenciais?
Nos reapaixonaríamos,
Sem estarmos a trajar nossos retalhos de cetim,
Sem nossos lança-perfumes?
Pergunta um sol em estado vegetativo,
Uma estrela em colapso,
À fulgurante e túrgida Lua,
Que insiste
- talvez por pirraça, talvez por vingança -
Em espelhar a sua luz de hélio antiga,
Em espalhar pelos céus surdos-mudos
Fotografias de seus álbuns de infância,
Que não autoriza a sua eutanásia,
Que não o deixa morrer
Que não lhe concede o conforto da cova de um buraco negro. 

(É meu velho, lavar banheiro em pleno feriadão, ouvindo antigas marchas e tomando cerveja quente, dá nisso)

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