Um refugo de sono,
Um sono de fuga.
Um sono que não ajuda,
Um desligar sanguessuga.
E não sonho.
Não sonho mais que plano,
Que inverto a gravidade
Nem mais com a cidade
De casas graves, com azia
Por onde sempre perambulava
Enquanto dormia.
Não me sento mais às cadeiras enraizadas no basalto
Não me sento mais às cadeiras enraizadas no basalto
Em redor de mesas que germinavam malte gelado
E deixava a me deixar ao trafegar das almas penadas.
Durmo.
Durmo.
Uma escória de sono,
Um sono sem memória,
Um sono de asfixia,
Uma pausa ilusória.
E não sonho :
Não sonho mais com risos,
Com rosas famélicas, com velas histriônicas,
Velórios de amigos,
Beija-flores albinos lambendo néctar de chagas em necrose.
Não me liquefaço mais submerso em banheiras de muco,
Em banhos com sais de absinto
Onde me largava a cauterizar minhas retinas
Seguindo o rastro de fósforo urinado por peixes-pirilampos abissais.
Durmo.
Durmo.
Uma nesga de sono.
Um sono que enverga,
Um sono que não restaura,
Um morrer que se nega.
Um sono sem sono.
Um sono sempre disposto a se diluir.
Não um sono de prazer.
Um sono que é só inanição,
Inação :
Que é só incapacidade de não dormir.
1 Comentários
Porra, mas tu ainda dormes. E eu? Pobre do poeta insone condenado a sonhar acordado.
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