Salão de Confusões

Queria 
E pensava tanto em encontrá-la
(à deriva da sorte e das coincidências)
Que farejava os ecos da voz dela,
Ouvia sua sombra,
Via o rastro de seu perfume
Em cada esquina,
Cada ponto de ônibus,
Vitrine
Padaria
Viaduto
Caixa eletrônico
Livraria
Pitanga e jambolão maduros no pé.

Quando o Acaso
(esse rei do pique-esconde)
Por fim
Colocou-a à sua frente
(ele atravessava a rua, evitando um buraco no asfalto e uma moto que passara no sinal vermelho; ela estava sentada à mesa de uma confeitaria, tomando um espresso com quadradinhos de chocolate branco)
Ele não a reconheceu como objeto
(gostou de vê-la, é claro; mas não a via sempre?),
Tomou-a por mais um reflexo,
Por mais uma imagem
Em seu dédalo de espelhos distorcidos,
Em seu salão de confusões.

E prosseguiu o seu caminho.

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