Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa... (59)

Antônio Gonçalves Sobral, de alcunha Nelson Gonçalves, foi o segundo maior vendedor de discos do Brasil, com quase 80 milhões de cópias vendidas, perdendo apenas para o Rei Roberto, que já bateu a cifra dos 120 milhões.
 
Nelson Gonçalves, porém, foi o cantor que mais gravou discos em sua carreira. Foram 183 discos de 78 rpm e 128 álbuns entre LPs, compactos e CDs, nos quais registrou mais de duas mil canções com sua inconfundível voz, elogiada em certa feita até por, ninguém mais ninguém menos, que Francis Albert Sinatra.
 
Apesar da imensa quantidade e variedade de canções, ritmos e compositores gravados, A Volta do Boêmio é, indiscutivelmente, sua obra mais notória, conhecida por todos, a sua marca registrada. 
Mas uma coisa não tinha me ocorrido até hoje. Se o boêmio voltou é porque um dia ele partiu. Será que existe uma Ida do Boêmio, uma Despedida do Boêmio, ou coisa que o valha? Sério que essa questão nunca havia me afluído até então.
 
Então, ouvindo músicas do Metralha (apelido que ganhou, dizem, pelo fato dele ser gago, embora outros digam que era por conta de um "berro" que ele portava em sua época mais barra-pesada) no Spotify, de forma aleatória, caiu-me aos ouvidos esta pérola, que logo replicarei ao fim da postagem : Última Seresta.
 
É não é que existe mesmo a ida do que voltou? Nunca ouvira sequer referência a esta canção. Relativo conhecedor da obra de Nelson Gonçalves, arrisco-me em dizer que deve ser de suas gravações menos conhecidas.
Na pungente letra da canção, ele se despede dos amigos leais, de seus rios, seus montes, cascatas e diz que não se lançará a novas serenatas.
 
A letra de A Volta do Boêmio ainda é melhor, mas compensa muito escutar a Última Seresta.
Que fossa, hein, meu chapa, que fossa... 
 
Última Seresta
(Adelino Moreira/Sebastião Santos)

Nesta última seresta
Tenho o coração em festa
Quando devia chorar

Sigo triste por deixar a boêmia
Porém, cheio de alegria
Por ela me acompanhar

Digo adeus às serenatas
Aos montes, rios, cascatas
E às noites de luar

Adeus, adeus minha gente!
Uma canção diferente
Vai o boêmio cantar

Adeus, amigos leais

Que não deixaram jamais
Fazer-me qualquer traição

Vosso amigo vai partir
Mas vai feliz a sorrir
Com ela no coração

Adeus, seresta de amor
Adeus, boêmio cantor
Perdoa a ingratidão

Pois, para meu novo abrigo
Eu levo apenas comigo
Ela e o meu violão.
 
 
Para ouvir Última Seresta, é só dedilhar aqui, no meu boêmio MARRETÃO.

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3 Comentários

  1. Azarildo, uma vez eu estava no meu quarto escutando Sepultura e cantando a plenos pulmões, e em seguida coloquei Nelson Gonçalves.
    Meu finado pai abriu a porta e falou:
    - Você está usando drogas???

    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
    Nunca esqueço disso.

    Um abraço amigo.

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    1. Há! Há! Há!
      Se bem que seu pai tem uma certa razão, o Nelson Gonçalves já foi muito mais hardcore que qualquer metaleiro. Até campeão paulista de boxe o cara já foi.
      Abraço.

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  2. Uma vez eu li (informação dada por ele) que estava gravando a voz e as bases de uma série de músicas que seriam depois lançadas em disco com arranjos “atuais”, creio que até mesmo depois de sua morte.
    Outra curiosidade é a transformação do substantivo “boêmia” em “boemia”, por causa da “A volta do boêmio”. Se prestar atenção, na primeira gravação o Nelson canta “Boêmia, aqui me tens de regresso”. Depois, em regravações, lascou “Boemia, aqui me tens de regresso”. Dizem que as duas formas estão corretas, mas “boêmia” é menos botequeira, menos cantoria que rola durante um churrasco.

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