Embicharam o Banheiro Masculino

São cada vez mais raras, as APAMAs. Raras e jogadas ao descaso das autoridades ditas competentes, cada vez mais devastadas, as APAMAs.
 
Outrora, santuários de preservação de uma das espécies mais pujantes já engendradas pela Evolução, as APAMAs. Espécie esta, hoje, posta na bandeira vermelha das ameaçadas de extinção pela caça ideológica-predatória das peludas feministas e das hediondas pautas progressistas, que a perseguem, caçam-na e exibem as cabeças de seus paus à guisa de troféus em suas estantes, em suas paredes, sobre suas lareiras.
 
Urge a demarcação e a fiscalização austera de mais e mais APAMAs - muito mais que de terras ianomâmis, pataxós e aquidauânus. Que não mais se delongue a criação de novas APAMAs. APAMAs a mancheias, Áreas de Proteção Ambiental do Macho das Antigas.
 
Antes, donos e senhores do planeta, nós, machos das antigas, há tempos, passamos a ficar restritos a certos guetos, a vivermos segregados, como nos antigos leprosários. Em poucos espaços, podemos ainda exercer nossa prerrogativa biológica fundamental e suprema, a de sermos machos. Limitados são os ambientes nos quais podemos exercitar toda a nossa "toxicidade" sem sermos censurados ou castrados.
Sim, meus caros, no decadente, emasculado e afrescalhado Ocidente, ter pau é tóxico. A rola é a cicuta das feministas de suvacos cabeludos e dos progressistas de cu e saco depilados.
 
Estádios de futebol, churrascos de fim de semana, trânsito na hora do rush, botecos pés-sujos, cinemas pornô, velhas barbearias (não confundir com barber shop) e banheiros públicos de bares, restaurantes, postos de combustíveis, rodoviárias e escolas são nossas últimas APAMAs.
Sobretudo os mictórios coletivos, entre cujas protegidas e indevassáveis paredes podemos dar vazão a toda nossa testosterona represada. Onde depositamos, além do óbvio nas privadas, também toda a nossa revolta sufocada em suas paredes, espelhos e portas de reservados.

À caneta Bic, pincel atômico ou mesmo corretivo branco, grafitamos suas superfícies com frases e trovas chulas, panfletárias e até poéticas. As paredes dos mictórios públicos são livros de poesia azulejados. Antologias impublicáveis dos nossos mais baixos anseios e instintos. Um portfólio da essência primal do macho das antigas.
São, os mictórios públicos, autênticas cavernas de Lascaux ou de Altamira. Suas frases são registros rupestres e arqueológicos de inestimável importância histórica, uma vez que provas cabais de que machos já caminharam livres pela face da Terra, e que alguns desses fósseis ainda permanecem entre nós.
Sobre as frases de banheiro, Luís Fernando Veríssimo disse : "documentam as piores taras e os piores ressentimentos e, portanto, o melhor humor da humanidade".

Quem é que é macho das antigas e nunca leu, ou mesmo escreveu, alguns dos clássicos de latrina a seguir? "Amar sem ser amado é como limpar o cu sem ter cagado", "merda não é tinta e dedo não é pincel, vindo ao banheiro, favor, traga papel", "lá fora, você é valente, mas aqui você é cagão", "o peido é o grito de liberdade da merda oprimida", "o peido é o suspiro de um cu apaixonado".
É a latrinoteratura! A literatura da latrina!
Lembro até hoje de uma, escrita na porta de uma das baias do banheiro de um cursinho pré-vestibular que frequentei : "enquanto você está cagando, tem um japonês estudando". Meio anacrônica para os dias atuais, uma vez que de uma época em que não havia tantos favorecimentos e maracutaias e só se sentava aos bancos de uma universidade quem, de fato, estivesse preparado para isso.

Além das frases, também havia os anúncios classificados de banheiro, todos de conteúdo sexual, de sacanagem, lliteralmente. Um amigo - mui amigo - anotava o telefone do outro na parede e escrevia : dou o cu de graça, faço o melhor boquete do pedaço etc etc. Hoje, é bem capaz, aliás, é muito provável, que se ligarmos, atenderá-nos, de fato, um chupeteiro do outro lado da linha.

Pois bem, meus caros, sinto-vos informar que mais essa APAMA está com seus dias contados. A julgar pela foto enviada a mim, há uns dias, pelo meu ex-aluno, hoje mestre e doutor, Waldir, o homem com as unhas dos dedos dos pés mais podres do planeta, a APAMA dos mictórios públicos, um dos últimos bastiões do cromossomo Y a resistir brava e escatologicamente ao politicamente correto, está desenganada, já em estágio terminal. Em seus esgares e estertores finais.
 
 
Pããããããta que o pariu!!!! Um rolo de papel higiênico (folha dupla e acetinado, parece-me) ao lado do mijadouro! Para o "homem" pegar um pedacinho, segurar a cabeça do pau e enxugar o olho da cobra! Até manjar a rola do vizinho é menos viadagem que isso!
Macho das antigas chacoalha a rola depois de mijar, faz helicóptero com ela. Tanto no banheiro público quanto em casa. Caso respingue no chão, e ele esteja em casa, com o pé, ele puxa o tapetinho de crochê do chão do banheiro e enxuga. E zé fini!

Embicharam o banheiro masculino!

Perguntei ao Waldir de onde era aquela foto. Respondeu-me que era da Coxillha dos Pampas, renomada churrascaria da cidade. Dos Pampas, rincão do país onde se coça o brioco com o espeto de churrasco. Só podia ser... logo vi.
Há tempos estou afastado de estabelecimentos públicos - bares, restaurantes, lanchonetes -, e ainda bem. No entanto, preocupado se a Coxilha dos Pampas era uma exceção, um caso isolado de boiolice, ou se essa prática está a ser perpetrada em outros locais, está a ser normatizada, fui dar uma pesquisada. E o resultado foi estarrecedor.

Constatei que os banheiros públicos masculinos deste Brasil dantes mais varonil não estão passando apenas por um processo de embichamento, mas também estão sendo vítimas de apropriação cultural por parte das feministas, das moças do sapato grande, das mulheres do grelo duro, como bem as definiu Luis Inácio Sapo Barbudo da Silva.
 
Dei com uma matéria intitulada "A Porta do Banheiro Mudou : do Xingamento à Empatia"! Valha-me São Dramin, que sempre que ouço ou leio a palavra "empatia", engulho-me. O artigo mostra que os banheiros femininos, principalmente das universidades públicas, esses biotérios e manjedouras esquerdistas, substituíram os garranchos bocageanos e bukowskianos por post-its de empoderamento e autoestima.
 
Tive que pesquisar o que era post-it e são quadradinhos coloridos de papel com uma faixa adesiva no verso e usados para deixar recados e lembretes pela casa, pelo local de trabalho etc, e que, agora, levam mensagens motivacionais de autoajuda, de autoestima e de empoderamento às usuárias destes banheiros.
 
 
"Vidas femininas importam", "você é importante", "o corpo/cabelo ideal é o seu", "acredite mais em você", "você é mais forte do que você pensa", "girl power", "mulheres empoderadas empoderam outras".
Valha-me São Plasil! Que as tripas querem-me sair pelas ventas!

Se eu entro num banheiro cheio desses post-its motivacionais - não duvidem : logo estarão também nos banheiros masculinos -, posso nem estar com vontade de cagar, posso nem estar com a merda pronta e madura, mas faço uma força e limpo o cu com todos esses post-its. E os colo todos de volta às paredes, portas e espelhos depois! Todos lambrecados de bosta!
Pãããããta que o pariu se não limpo o cu e colo tudo de volta!

Postar um comentário

3 Comentários

  1. Post it realmente é muita frescura. Mas me lembro de um "diálogo" lido em um box de sanitário na faculdade. Algum idiota escreveu em francês e português a esta frase " a parede é o papel dos canalhas". Depois de traduzida, completou: "tradução para os ignaros". Aí um gaiato repondeu: "então não sou ignaro, pois não consigo limpara o cu com a parede". Seria legal alguém anotar todas essas frases e publicar uma coletânea das melhores e mais criativas. Até sugiro um título: "Desaforismos sanitários".

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Duvido muito que alguém já não tenha publicado algo do gênero. Mas o título sugerido é imbatível.

      Excluir