Pergunto pro meu filho :
- Dói-lhe , quando mastigas, os dentes?
Quando andas, os joelhos e as solas dos pés?
Quando acordas, o dia?
E ele
Como que sem entender
(sem ter como)
Mas querendo não me decepcionar
Ou,
Mais provável e certamente,
Querendo encerrar logo o assunto,
Que ainda não é dele
E que é até crueldade minha querer confrontá-lo com o futuro,
Me diz
Laconicamente e respeitosamente :
- Não.
Vou deitar
(na esperança vã de um bom sono).
Satisfeito,
Quase feliz
(nunca me lancei de paraquedas, de bungee jump, ao abismo da felicidade).
Meu filho está vivo.
Mas a vida ainda
Não se abateu sobre ele.
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