Um casal de criminosos, de bandidos da mais baixa laia, de um grau de crueldade inacreditável até para a nossa espécie, de gente ruim mesmo, que merece não a pena de morte, mas prisão perpétua com direito a cinquenta chibatadas de arame farpado por dia, foi preso no aeroporto José María Córdova, na cidade de Medelín, Colômbia, quando tentava contrabandear seis filhotes de macacos da fauna colombiana. Escondidos, espremidos, asfixiados dentro de suas calças, em suas roupas íntimas, cueca e calcinha. Os canalhas foram pegos pelo aparelho de raios-X do aeroporto.
Dois filhotes de macacos-de-cara-branca e quatro de saguis-de-cabeça-de-algodão, espécies criticamente ameaçadas de extinção. Dos seis filhotes, cujo destino era a República Dominicana, dois não resistiram e os quatro sobreviventes foram levados às pressas para o Centro de Avaliação e Cuidados com a Vida Silvestre Cornare, com claros sinais de abuso, tortura e desidratação.
Chega me dar vontade de chorar só em pensar no sofrimento imposto aos macaquinhos; de verdade, meus olhos se aquecem e marejam. No mais das vezes, não obstante certas radicalidades em meu comportamento, considero-me um pacista. Mas eu seria capaz, sem nenhum tipo de remorso posterior, de submeter canalhas como este casal às mais excruciantes torturas, aplicá-las com minhas próprias mãos.
Então, alheia à minha vontade e indiferente à minha tristeza, talvez mesmo a zombar dela, a desgraça da minha cabeça, da minha memória que é uma merda quando eu preciso dela, feito o Coringa no clássico A Piada Mortal, sussurrou-me aos ouvidos : - esta situação me lembrou de uma piada.
A do casal de portugueses que tentavam sair do Brasil levando um gambá consigo.
Não sei se foi zombaria ou falta de sensibilidade da minha memória ou se foi uma forma dela, quem sabe?, de querer contrabalancear minha tristeza com um pouco de riso, mas sei que não gostei de me lembrar. Mas o maior pecado é eu já ter me lembrado. Contarei a piada, pois.
Piada boa. Das antigas. Piada que hoje, se medida pela régua torta e esquerdocanalha do politicamente correto e da agenda woke, o guia prático de criar viadinhos, seria considerada xenófoba - uma vez que envolve um casal de lusitanos -, misógina - uma vez que o ponto de riso da piada é construído em cima da mulher do casal -, antiecológica e apologética ao tráfico de animais silvestres - uma vez que se dá em torno da hipotética situação de um casal que tenta sair do Brasil em posse ilegal de um animal de nossa fauna - e até mesmo ser rotulada de racista, uma vez que, colocada por mim em situação análoga e de parecença com o triste caso dos filhotes de macacos, pode muito bem ser classificada como de "humor negro", termo que, certamente, é considerado pejorativo e ofensivo pelos corretinhos e sensíveis de hoje em dia. Acho até que ela pode receber a pecha de homofóbica, uma vez que o casal nela retratado - vejam só o tamanho do absurdo e do acinte - é composto por um homem e por uma mulher.
Mas piada boa é assim mesmo, um coletivo de pré-conceitos e estereótipos.
"Um casal de portugueses em visita ao Brasil, ao caminhar por um parque nacional, deu de cara com um gambá, com um exemplar de nosso saruê. E os dois se encantaram pelo bichinho. Raptaram-no do parque, levaram-no para o quarto de seu hotel e decidiram que o levariam para Portugal em seus regressos, já com passagens marcadas para o dia seguinte.
Maria levantou a questão : como esconderiam o bichinho, haja vista que as malas já estavam abarrotadas e, além disso, mesmo que espaço houvesse, o gambá morreria quando a bagagem fosse estocada no avião.
Manuel, com a inteligência de um Pessoa ou de um Padre Vieira, de imediato deu a solução ; - Muito fácil, ó pá! Tu viajarás com uma saia bem longa e larga e enfiarás o gambá dentro da tua calcinha. Ninguém vai perceber.
- Mas como não, Manuel ? - retrucou Maria. - E o cheiro?
- O cheiro, ora, o cheiro... o gambá que se foda!!!"
1 Comentários
1- O Brasil devia ter pena de morte
ResponderExcluir2- A piada é boa
3- Explicar ou pedir desculpa por uma piada tira muito de sua (dela) força
4- Fodam-se os politicamente corretos.