Quando jovem, um explorador, um desbravador ainda sem grandes realizações em sua carreira, lança-se diariamente à cata de novos desafios, de novas e arriscadas empreitadas.
Com o crepúsculo e o ocaso da idade a debruçarem-se sobre os seus horizontes, o outrora aventureiro, já com feitos memoráveis em seu histórico, arrefece seus ânimos, meio que se acomoda.
Não se arremete mais a imprudências. Para que ouse e se atreva a novos perigos e contratempos, é o desafio, antes tão perseguido, que precisa procurar por ele, que precisa cair-lhe ao colo.
Feito um outrora afoito e insaciável jovem sedutor, que, velho e enfastiado da mesmice do amor, só se anima a uma nova buceta se esta vier bater à sua porta, vier se lhe esfregar no nariz.
Feito eu, este dantes bandeirante das Boas e Baratas, este antanho Indiana Jones antigamente em constante e frenética busca pelo Santo Graal do bebum. Hoje em dia, não peregrino mais por supermercados nunca dantes frequentados em busca de novas boas e baratas. Tenho eleitas minhas duas ou três preferidas, sei onde encontrá-las perto de casa e está muito bom para mim.
No entanto, todos temos uma missão a cumprir neste planeta e, por mais que queiramos, o Universo não nos deixa prevaricar dela por muito tempo; cedo ou tarde, acaba por nos chamar às nossas responsabilidades cármicas e cósmicas.
Trocando em miúdos : se o Azarão não vai às boas e baratas, as boas e baratas vêm ao Azarão.
Ontem, o meu velho e querido amigo dos tempos de faculdade de Biologia, Ernesto, o futuro prefeito de Porto Ferreira, em merecidas férias docentes no município paulista de Barbosa, à margem de um ali limpo e cristalino rio Tiête, enviou-me a foto desta raridade, desta preciosidade, perguntando-me se eu já a conhecia.
Cerveja Poty. Puro Malte. Pãããããã que o pariu!!!
Superaste-me, meu velho! De longe!
Respondi que nunca tinha visto, sequer imaginado. Conhecia, é claro, os refrigerantes Poty, bons e baratos, o guaraná, o de laranja, a soda limonada e até a versão cola da fabricante de bebidas, a Roller, a qual já degustei muitas vezes com um bom e velho rum.
Mas cerveja? Confesso que estranhei e, por puro e preconceituoso arco reflexo, pensei : mas isso deve ser uma merda, onde já se viu, fabricante de refrigerantes se meter a produzir cerveja. Porém, o racional logo se sobrepôs à estranheza e percebi que nada tinha de mais ou de impeditivo. Afinal, a Antarctica não tem também suas cervejas e seus refrigerantes?
É boa, perguntei? Respondeu que o sabor lhe lembrara a Conti e, entre kkkkkks, arrematou que não gosta da Conti.
Eu gosto da Conti. Simpatizo bastante com a cervejaria Casa di Conti, que produz cervejas populares bem boas, com um bom custo-benefício para sua faixa de preço, cervejas honestas, simples, sem firulas, que entregam o que prometem. A começar de sua primogênita Conti Beer e a seguir pelo resto de sua prole, a Burguesa, a 1500, a Samba, a Moinho Real.
Mas a Poty Puro Malte não é produzida pela Casa de Conti, sim e obviamente pela Poty Cia. de Bebidas.
Dei uma pesquisada e achei que a Poty Puro Malte foi lançada no carnaval do ano passado, 2024, e é uma cerveja leve, com teor alcoólico de 4% (inclusive, leve demais para o meu gosto), destinada justamente a ser consumida em festas, em reuniões de amigos e em grande quantidade.
Garante, também, o site da Poty, que ela é uma cerveja feita sem aditivos, sem conservantes, respeitando o tempo de maturação e com preço de mercado competitivo.
Também perguntei ao Ernesto, é claro, o quanto ele pagara por essa joia rara. R$ 2,29, ele me informou. De fato, um preço bom, ainda mais a considerar que vivemos sob os auspícios do governo do amor.
Vi também que a fábrica da cerveja fica em Potirendaba, noroeste paulista, mesma região administrativa de Barbosa, onde descansa Ernesto. Potirendaba, de onde se derivou o nome Poty, é um nome tupi, que significa "lugar onde estão as flores". E não é tão distante daqui, de Ribeirão Preto - onde as flores há muito morreram -, nem 200 km, o que não justifica, portanto, eu nunca tê-la visto aqui. A ausência provavelmente se deve ao lobby de grandes marcas de cerveja junto aos principais mercados e atacadistas da cidade, o que vem tornando cada vez mais impermeável o mercado ribeirão-pretano a novos e diferentes rótulos de boas e baratas.
Assim, a partir de então, a minha próxima meta a ser batida, o meu
próximo sonho de consumo a ser satisfeito, é encontrar e provar da Poty
Puro Malte. Caso você, leitor do Marreta que mora na grande, disforme, provinciana e incivilizada Ribeirão Preto, der de cara com a Poty Puro Malte pelos supermercados e/ou lojas de conveniência da vida, avise-me, deixe a localização nos comentários do Marreta.
Abaixo, a Poty Puro Malte, deitada em berço esplêndido.
2 Comentários
Eu quase fico ofendido por não ter lido meu texto falando da cerveja Malheur.
ResponderExcluirAcabei de ver lá no seu blog. Aquilo nem é cerveja, é champagne. Não tenho cacife praquilo, não!
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