Assim como
Roupas diferentes
(mais formais, mais despojadas)
Em cada ambiente que minha rotina impõe
Rostos cambiáveis,
Identidades alternativas,
Máscaras defensivas
(mais cordiais, mais humanas)
Também maquio em minha face
(camaleão social a que me obrigam).
Mas contigo
Nunca usei máscaras
(nenhuma das da minha vasta coleção, do meu burlesco camarim).
Tu eras a minha máscara.
A minha identidade secreta mais secreta e protegida.
Agora que te foste
E contigo levaste teu carnaval de Veneza
Até os espelhos da mansão de um vampiro
São mais felizes que os meus.
Agora que te foste
Esfoliaste-me a fundo a face :
Desmascaraste-me.
2 Comentários
Ora, vejam só! Alguém desmascarado! Será possível tal coisa? Será possível tal despojamento? Tenho cá minhas dúvidas. E nem sei se seria desejável se livrar de todas as máscaras. E se as máscaras fizerem parte do que somos como nos livrar de nós mesmos?
ResponderExcluirÉ só uma provocação..
Já ouvi dizer que o lugar onde você é mais você, sem quase nenhuma máscara, é pelado tomando banho ou sentado no vaso vítima de uma diarreia.
Não, não creio ser possível tal despojamento. Acho mesmo que nossa verdadeira face seja um mosaico, uma colcha de retalhos cerzida com todas as diferentes máscaras das quais nos valemos ao longo da vida.
ExcluirBom, se tem algo que deixa, de fato, alguém desmascarado, desarmado, desprotegido, é mesmo uma boa caganeira.