Datena, o Bárbaro

Sendo curto e grosso, sem ponderações nem relativismos, que isso é coisa de afrescalhado : adorei a cadeirada dada por Datena em Pablo Marçal! Quebrou-lhe uma costela? Foi pouco. Melhor se lhe tivesse estraçalhado a cabeça.
 
 
Independente do apito ideológico que cada um toca, se de esquerda ou de direita, adorei a porrada dada por Datena no tal ex-coach, que, só por assim se apresentar, já merece mais que uma simples cadeirada. E digo mais : acho que Datena foi muito paciente, muito tolerante, demorou até demais para descadeirar Marçal.
 
Por que ofensas e calúnias verbais, como a acusação feita por Marçal de que Datena é um estuprador, soam menos graves, mais aceitáveis socialmente que ofensas físicas? Não são menos graves. Não deveriam ser assim consideradas, pelo menos. 
Um olho roxo, um supercílio lacerado, em dez, quinze dias (ou menos) desaparecem e cicatrizam. Uma acusação de ser um estuprador? Essa não se desfaz nunca mais, não desvanece. É um coágulo que não some, que o organismo não reabsorve.
 
Repito : Datena demorou pra cacetar Marçal.
 
Se a agressão física perpetrada por Datena é mais reprovável oficialmente pela sociedade atual que as calúnias levantadas por Marçal, se a cadeirada de Datena choca mais que as difamações de Marçal, é porque vivemos numa sociedade desabituada a ver autênticas e legítimas demonstrações de virilidade, de macheza, no bom sentido da palavra; que aliás foi o único sentido semântico que macheza tinha até há muito pouco tempo, o bom.
 
Foram a macheza e a virilidade que asseguraram a expansão da espécie pelo planeta, o surgimento das civilizações como hoje as conhecemos. Foram a macheza e a virilidade que impediram a extinção da espécie ao longo de sua trajetória na Terra. 
 
Imaginem há uns 15 ou 20 mil anos. Dois homens das cavernas ao redor de uma fogueira. Aparece-lhes, de súbito, um enorme tigre-de-dentes-de-sabre. 
Quem você acha que sobreviveu, que continuou a procriar e levou o legado humano adiante? Aquele que se levantou, pegou um galho da fogueira feito em tocha para repelir o invasor, que jogou uma grande pedra na cabeça do tigre, que o enfrentou e o matou com sua lança de osso ou o outro, que fez "chanim, chanim", tentando ficar amigo do tigre, querendo adotá-lo, tornar-se seu tutor e se sagrar como um dos primeiros "pais de pet" da história da humanidade?
 
Hoje em dia, demonstrações de virilidade - necessárias demonstrações de virilidade feito a de Datena - constrangem e causam nojinho porque desgraçadamente vivemos numa sociedade emasculada, de eunucos produzidos socialmente, de homens castrados pelas perversas, covardes e sem nenhuma virilidade ideologias esquerdistas, que bem sabem que o segredo para o poder eterno é minar todas as bases de sustentação e de resistência de uma sociedade. E a maior de todas as resistências : a macheza, a virilidade, o fazer jus às bolas que traz no saco. 
Pois as leis e as convenções sociais nos trazem, a nós, machos, pela coleira de um cordame fortemente nos atado às bolas. À menor tentativa nossa de uso delas, vem o puxão, a fisgada, a nos lembrar o "nosso" lugar.
 
Por isso, os culhões de Datena, livres do nó das cordas que amarram os nossos, tanto "assustaram" (não estamos mais acostumados a ver culhões sendo utilizados), tanta indignação causaram entre os "civilizadinhos", canalhas que seguem a provocar e a ofender a todos que lhes são diversos em pensamento e ideologia, simplesmente, porque têm a "garantia" da civilidade de quem ofendem, porque estão seguros de que os alvos de seus ataques não terão coragem, a bem do bom-tom social, de lhes dar o que merecem, de lhes quebrar a cara.
 
Pois José Luiz Datena teve! Bateu o pau na mesa e a cadeira na cabeça de Marçal!
 
 
Meus mais sinceros cumprimentos e congratulações a José Luiz Datena.
 
Abaixo, reproduzirei um texto, muito melhor que o meu sobre esse assunto, de autoria de Raphael Machado, enviado a mim pelo Ozy, do blog Ozymandias Realista. Por conta própria, destaquei em vermelho alguns trechos dele.

"É um grave sinal de "desvirilização" da nossa sociedade o fato de que se normalizou a tese estapafúrdia de que o comportamento passivo-agressivo (insinuações, fofocas, difamações, sabotagens sociais indiretas) são mais aceitáveis e menos reprováveis de que a violência direta - e de que a violência direta não pode ser usada como uma resposta justa e equilibrada ao comportamento passivo-agressivo que visa destruir socialmente um inimigo, ou a ofensas verbais à honra. 
 
É notável, aliás, que essa normalização se deu precisamente entre liberais, libertários e ancaps, reforçando a percepção óbvia de que trata-se aí de ideologias desvirilizadas, que priorizam o falatório e a troca à decisão e à ação. É por isso que, naturalmente, para eles, a honra é algo irrelevante ou menor.
 
Essa transição, que envolve os processos de domesticação e castração social descritos por Nietzsche, constitui um dos aspectos que tornam o mundo contemporâneo tão hostil para os homens. Estratégias femininas (indiretas) de conflito são menos reprovadas do que as estratégias masculinas (diretas) de conflito - de modo que homens normais estão sempre socialmente em desvantagem diante de homens psicologicamente femininos ou mulheres tipicamente sociáveis. 
 
É a razão pela qual Robert E. Howard, o autor do Conan, dirá que os povos bárbaros são mais corteses do que os homens supostamente "civilizados" porque sabem que qualquer ofensa à honra pode levar a uma machadada no crânio. 
 
Não há mecanismo que impeça um homem de sofrer consequências físicas por suas palavras. É interessante como Camille Paglia vincula a perda do espírito guerreiro (sempre vinculado à valorização da honra) a uma desvirilização do próprio homem e da sociedade como um todo: “Onde o código guerreiro não é honrado e onde burgueses ratos de biblioteca se tornam a norma, os homens se dissolvem em mulheres e perdem seu magnetismo sexual”. 
 
A posição em relação à importância da honra, na prática, é como se criasse duas categorias diferentes de homens - uma que se aproxima das antigas castas guerreiras (aquela que coloca a honra acima da vida), e uma que se aproxima das antigas camadas párias (aquela que considera a vida, o conforto, a segurança, acima da honra). 
 
“A vida vale mais que a honra? A honra vale mais que a vida? Quem nunca se fez essa pergunta não sabe o que é honra, nem o que é vida”. – George Bernanos 
 
Aliás, é curioso como são, precisamente, as mesmas pessoas que não entendem a reação física a ofensas verbais que não conseguem entender a justeza da operação militar especial russa na Ucrânia e da tempestade Al-Aqsa em Israel. O liberal não entende que a ação militar direta e aberta é uma reação legítima a ações híbridas ou a pequenas agressões reiteradas. 
Os liberais se espantarão quando descobrirem que, tecnicamente, um bombardeio massivo é uma resposta legítima a um ciberataque a infraestruturas virtuais estratégicas de uma nação. 
 
De um modo geral, realmente, uma agressão física não combina com um debate, como no caso Datena-Marçal. Mas isso porque a própria centralidade do debate já pertence à ordem de uma sociedade desvirilizada, em que a sofística substitui a realidade objetiva, a honra, a lealdade, o dever, etc. 
 
A ação do Datena, portanto, representa a emergência de uma virilidade socialmente reprimida, em um contexto que privilegia as estratégias sociais de homens castrados."
 
Caso alguém queira ler outros textos de Raphael Machado - eu lerei -, basta acessar o canal dele no Telegram : https://t.me/camaradamachado 

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3 Comentários

  1. "Sendo curto e grosso, sem ponderações nem relativismos, que isso é coisa de afrescalhado : adorei a cadeirada dada por Datena em Pablo Marçal!" Está dito! Eu adorei também. A propósito voc~e está ficando bom com IA de desenho.

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  2. Ainda bem que era uma cadeira. Se fosse um banco, o Marçal assaltava!!!

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