A cada bailar obsceno da Terra
Pela manhã,
Entornando um latão na praça,
Tentando reconhecer o canto dos pássaros,
Se curicaca, se papagaio, se coró-coró, se sábia.
É lá e nesse momento
Que programo o meu dia
Que eu escrevo - quando escrevo;
O outro :
À noite
Mais umas latas
Fingindo ver TV.
É quando relaxo,
Quando minhas dores podem
Trafegar à vontade por mim
Sem me incomodarem,
Sem o risco de serem fuziladas
Por dipirona, dorflex, codeína.
O resto do tempo
É só o dia passando
Em direção a outro dia.
O resto do tempo
É só a vida
Mostrando quem é que manda.
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