ESCAFANDROS

Houve um tempo
Em que nossas bocas se buscavam,
Se aderiam
Feito ventosas de polvo,
Desentupidores de pia.

Se enroscavam
Feito carrapicho em meia e em barra de calça,
Fechos de velcro.

Se colavam,
Nossas salivas se combinando feito cola Araldite,
Feito massa durepox,
Fechando-se a vácuo como sanguessugas no cio.

E de tanto,
E de tão inseparáveis que eram,
Respirávamos
Mesmo
Um pelo nariz do outro.

Hoje,
Dormimos em câmeras hiperbáricas de solteiro;
E, acordados,
Nos falamos
Nos sorrimos
E nos beijamos
De dentro de nossos escafandros particulares.

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