As Aventuras de Paulo Maluf na Cidade do Vaticano

Esta postagem é uma contribuição minha à cultura geral, inútil e anedótica do Jotabê, que me disse não conhecer o folclórico episódio que logo narrarei.
 
Paulo Salim Maluf foi/é (ainda vivo e com 90 anos) um dos grandes mitos da nossa História recente. Que nós, brasileiros, como digo sempre, não temos História, temos Folclore. 
Paulo Maluf é corrupto das antigas. Dos honestos. Da nobre linhagem dos que roubavam, mas faziam; hoje, apenas roubam. 
Mestre intrancafiável das falcatruas - até a Interpol está há anos em seu ençalco, sem sucesso -, Paulo Maluf contribuiu até para o enriquecimento (ilícito, é claro) do nosso vernáculo, inspirou o neologismo "malufar", que designava a ação de roubar, passar os cinco dedos (ou os quatro, de forma mais eficiente ainda, como logo um outro mostraria).  No princípio, era o Verbo. E o Verbo fez-se em Paulo Maluf. Eu malufo, tu malufas... Neologismo caído em desuso pós-advento do PT ao poder, transformado em arcaísmo e substituído em upgrade pelo neosuperlativo máximo da rapinagem, o verbo "lular".
Paulo Maluf também é homem de deus das antigas. De batismo, primeira comunhão, crisma, casório na igreja e de, quando chegar a hora dele, extrema-unção. De ir à misssa, de joelhos calejados pelo genuflexório, de comungar, de confessar maracutaias ao padre, de pagar dízimo até de caixa 2.
Católico confesso, contrito e devoto que é, Paulo Maluf não poderia ter se furtado (só aos cofres públicos), valendo-se de sua influência política à época como governador do estado de São Paulo, de conseguir um encontro com o então Papa João Paulo II, o Papa mais pop da história da Igreja.
Reza a lenda - e confirmam as más-línguas - que o episódio narrado a seguir faz parte de tal encontro.
"O Papa recebeu Paulo Maluf à entrada da Basílica de São Pedro, que já ficou ressabiado de ter que passar em revista pela Guarda Suíça, e foram, ambos, para a Sala Régia do Vaticano, a Sala do Trono. Lá, o Papa fez servirem um bom café com rosquinhas a Paulo Maluf, que, por força do hábito e aproveitando uma distração do Papa, enfiou um monte delas no bolso, para fazer uma boquinha mais tarde.
Conversaram, então, sobre a política mundial, sobre a panorama das religiões, das suas atribulações como homens públicos e representantes de seus povos, também de amenidades e trivialidades; enfim, sobre a vida.
Num dado momento, Paulo Maluf se viu chamado pela natureza a esvaziar a velha bexiga.
- Vossa Santidade, terei que interromper nossa espiritual e iluminada conversa por motivos dos mais mundanos e terrenos, por conta de uma urgente micção que me acomete, poderia, com a graça de Deus, indicar-me o adequado recinto mais próximo?
- Ah, meu filho, tudo aqui na Basílica é muito grande e tudo muito longe, eu mesmo chamo o papamóvel, quando tenho de ir à sala do "trono", o mais perto fica a uns quatro ou cinco longos corredores daqui. Faz o seguinte, meu filho, vai atrás daquela estátua de São Pedro e mija lá mesmo, que o pessoal da limpeza dá um jeito depois.
- De jeito nenhum, Vossa Santidade! Urinar na estátua de São Pedro seria uma heresia, um verdadeiro pecado.
- Deixa disso, meu filho, confie no que eu digo, não tem problema, não, vai lá, se alivia, sem culpa.
- Não posso, Santo Padre. Seria um desrespeito inominável a São Pedro, o fundador da nossa Santa Igreja.
- Olha, meu filho, confie na minha infalibilidade e deixe eu lhe explicar de uma maneira que você possa entender : para quem já cagou tanto em São Paulo, o que é uma mijadinha em São Pedro?".
"O que é uma mijadinha em São Pedro, meu filho?"

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10 Comentários

  1. Rolei de rir! Como não conhecia, foi umalufada de bom humor que recebi.

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  2. Ótima crônica.

    Olha, o mundo anda tão estranho que hoje em dia simpatizo com o Maluf.

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  3. Na foto vemos duas personalidades que possuem muito em comum. O principal ponto de encontro é o fato de ambos terem sido superados pelos seus sucessores nas artes que mais dominavam.
    Outra curiosidade é que ambos dominavam as mesmas artes: mediação de conflitos, crimes "passivos de ativos" (para quem não conhece, é o crime que te dá carta branca para receber dinheiro ilegal legalmente) e, claro, fidelização de apoiadores.

    Fiquemos com a célebre frase dele, o mago da política e do folclore brasileiro: "agora, só falta o papa me canonizar".

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    1. Passivos de ativos, para mim, eram os efebos.
      Como é isso? Receber dinheiro ilegal legalmente?

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  4. Em referência ao título de um clássico romance infanto-juvenil (excelente), o Maluf sempre foi o verdadeiro "Gênio do Crime". Inesquecíveis as camisetas de uma de suas campanhas para, salvo engano, governador: Eu "enorme coração vermelho" Maluf! Meu avô descendente de árabes libaneses adorava o cara. E o jingle: Maluf faz faz faz faz faz, a gente viver em paz paz...grudava na cachola essa porra. Abraços!

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    1. Minha mãe também sempre adorou o Maluf. Votou nele todas as vezes em que ele se candidatou. É uma figuraça!

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  5. Grande Maluf, cumprindo prisão domiciliar no luxo de sua mansão nos Jardins, com uma adega que contém mais garrafas vinhos que caberiam na minha casa.

    Grande brincalhão, ainda zoou o Lula. Do tipo, "sigam-me os bons".

    https://paulosampaio.blogosfera.uol.com.br/2017/05/05/para-paulo-maluf-triplex-de-lula-e-uma-porcaria-sao-tres-minha-casa-minha-vida/

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    1. Rapaz, tô vendo que aqui tá cheio de fã do Maluf!!! Vou dar uma olhada no link que enviou.
      Maluf deu outra zoada no Sapo Barbudo quando Lula disse que ele era a alma viva mais honesta do país, dá uma olhada:
      https://amarretadoazarao.blogspot.com/2017/04/lula-roubou-ate-honestidade-de-paulo.html

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