As minhas mãos não são,
Nunca foram hábeis
Em acarinhar outra mão,
Em afagar outra face,
Em fazer cafuné,
Em se deixar deslizar por pescoço,
Nuca e coluna alheios
A suscitar suspiros, estremecimentos e frenesis.
Igualmente,
Não são,
Nunca foram hábeis
Em dar porradas,
No pugilato,
Em esmigalhar narizes e romper supercílios.
Os mais sinceros e delicados carinhos
Que já fiz,
As mais devotadas e incondicionais paixões
Que já despertei,
Os mais profundos gozos e apneias
Que já extraí
Deram-se pela minha escrita.
Minhas cartas, meus poemas, recados dentro de livros, bilhetes sob a xícara de café.
E os olhos mais inchados
E os corações mais rasurados
E as feridas mais indesculpáveis,
Também.
8 Comentários
Você me traduziu na quase totalidade.
ResponderExcluirPooorra!!!!
ExcluirOutra poesia nesse nível e te darão um lugar na Academia Brasileira de Letras.
ResponderExcluirSe me permite, publicarei no meu blog. Me impactou, de certa forma.
Opa, lá vou eu tomar o chá das quintas-feiras com o José Sarney!
ExcluirClaro que pode publicar.
(Adendo fora do tema. Viu que seu blog agora aparece escrito "Aviso de conteúdo confidencial", naquela página de "estou ciente e quero continuar"? Ou eu nunca me atentei para essa palavra, "confidencial", ou mudaram recentemente e agora tu está na mira da Gestapo).
ExcluirNo fim essa é a sina de "nós, pessoas normais", que apesar de não serem protagonistas, tem consciência disso, ao contrário das muitas que nem mesmo pensam sobre.
ResponderExcluir"Nós somos todos marionetes, Laurie... A diferença é que eu enxergo as minhas cordas." ???
ExcluirPelo visto catou o velho exemplar de Watchmen para reler "O Relojoeiro"...
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