É Uma Cinza, Mora? (Ou, o Jotabê Também Já Foi Uma Brasa)

Este é um blog defunto.
Logo, não vi nenhum problema, inconveniente, ou contradição, em dar uma escapadinha do Inferno, valendo-me de uma raríssima cochilada simultânea das três cabeças do Cérbero, para vir aqui dizer de outro defunto.
Do Raul, de  novo? Reclamariam alguns leitores. Não. E ainda que fosse, seria um problema meu. Vocês que se fodam. Mas não. Não do Raul, desta vez. Do Blogson. Do Blogson Crusoe.
Ele voltou! Quem, o boêmio? Não. O Blogson Crusoe!
Ele voltou, o Blogson voltou novamente. Saiu daqui tão contente, por que razão quer voltar?
Não quero nem saber. Importa é que ele voltou.
Voltou e nos garante que ainda tem muita lenha pra queimar. Do alto de seus pornoeróticos 69 anos, diz que ainda há muita brasa sobre a triste cinza fria.
E que melhor forma de celebrar que tomar umas e ouvir uns musicões antigos?
O Blogson, porém, é alcoolfóbico; restando-me apenas, desta forma, recorrer e tentar me embriagar apenas e tão-somente de nosso cancioneiro popular.
Se existe outra, desconheço, mas, para mim, a melhor música de fundo para a volta do Blogson é a "Já Fui Uma Brasa", do macho das antigas Adoniran Barbosa. Na letra da canção, Adoniran, feito Jotabê, nos assegura e se autoavaliza : "E eu que já fui uma brasa/Se assoprarem posso acender de novo". Mas, ao fim da canção, numa mostra da mais pura autoironia, que para mim é a forma mais refinada de inteligência que pode existir, Adoniran confidencia a um interlocutor imaginário, ou, ao menos, indefinido : "É negrão... eu ia passando, o broto olhou pra mim e disse: é uma cinza, mora? Rá, rá, rá. É uma cinza...".
Desse jeito, daqui a pouco, eu volto também. Pãããããta que o pariu!!!
Já Fui Uma Brasa
(Adoniran Barbosa)
Eu também um dia fui uma brasa
E acendi muita lenha no fogão
E hoje o que é que eu sou?
Quem sabe de mim é meu violão
Mas lembro que o rádio que hoje toca iê-iê-iê o dia inteiro,
Tocava saudosa maloca

Eu gosto dos meninos destes tal de iê-iê-iê, porque com eles,
Canta a voz do povo
E eu que já fui uma brasa,
Se assoprarem posso acender de novo

(declamado):
É negrão... eu ia passando, o broto olhou pra mim e disse: é uma cinza, mora?
Sim, mas se assoprarem debaixo desta cinza tem muita lenha pra queimar...

Para ouvir a música, é só dar uma assopradinha aqui, no meu ainda incandescente e embraseado MARRETÃO.

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1 Comentários

  1. Rapaz, não posso deixar de manifestar minha surpresa! Mesmo partindo de um blog que se finge de morto, estou me sentindo mais incensado que igreja na Semana Santa, mais citado que político corrupto em delação premiada, mais festejado que cantor de iê iê iê nas jovens tardes de domingo! E que puta coincidência deste post com o texto da segunda ressurreição do Blogson! Só posso agradecer essa inesperada deferência e torcer para que o Marreta siga o ditado aplicado ao braseado Blogson, aquele que diz que quem é morto sempre aparece. Valeu!

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