Dose Dupla de Bukowski. Sem gelo.

A Genialidade da Multidão
Há suficiente traição, ódio, violência, absurdo no ser humano comum
Para abastecer qualquer exército a qualquer momento.

E os melhores assassinos são aqueles que Pregam Contra o assassinato.
E os melhores no ódio são aqueles que pregam amor.
E os melhores na guerra - enfim - são aqueles que pregam paz.

Aqueles que pregam Deus, precisam de Deus.
Aqueles que pregam paz, não tem paz.
Aqueles que pregam amor, não tem amor.
CUIDADO COM OS PREGADORES
Cuidado com os conhecedores.

Cuidado com aqueles que estão sempre lendo livros.
Cuidado com aqueles que ou detestam a pobreza ou orgulham-se dela.
CUIDADO com aqueles rápidos em elogiar
Pois eles precisam de louvor em retorno

CUIDADO com aqueles rápidos em censurar:
Eles temem o que desconhecem.
Cuidado com aqueles que procuram constantemente multidões;
Eles não são nada sozinhos.

CUIDADO.
O Homem Vulgar. A Mulher Vulgar.
CUIDADO com o amor deles.

Seu amor é vulgar, busca vulgaridade
Mas há força em seu ódio
Há força suficiente em seu ódio para matá-lo,
para matar qualquer um.

Não esperando solidão
Não entendendo solidão
Eles tentarão destruir
Qualquer coisa que difira deles mesmos

Não sendo capazes de criar arte
Eles não entenderão a arte

Considerarão seu fracasso como criadores
Apenas como falha do mundo

Não sendo capazes de amar plenamente
Eles ACREDITARÃO que seu amor é incompleto
ENTÃO TE ODIARÃO

E seu ódio será perfeito
Como um diamante brilhante
Como uma faca
Como uma montanha
Como um tigre
COMO cicuta

Sua mais refinada
ARTE
Cerveja às 2 p.m.
Nada importa
a não ser ficar se virando no colchão
com sonhos tão baratos quanto a cerveja
enquanto as folhas morrem e os cavalos morrem
e as donas-de-casa olham nas janelas;
avivando a música das cortinas se fechando,
a última caverna de um homem
em uma eternidade de enxame
e explosão;
nada além da torneira da pia pingando,
a garrafa vazia,
euforia,
juventude cercada,
esfaqueada e barbeada,
instruída,
indo contra a morte.Nada importa
a não ser ficar se virando no colchão
com sonhos tão baratos quanto a cerveja
enquanto as folhas morrem e os cavalos morrem
e as donas-de-casa olham nas janelas;
avivando a música das cortinas se fechando,
a última caverna de um homem
em uma eternidade de enxame
e explosão;
nada além da torneira da pia pingando,
a garrafa vazia,
euforia,
juventude cercada,
esfaqueada e barbeada,
instruída,
indo contra a morte.

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2 Comentários

  1. Os dois são muito bons e eloquentes, mas o primeiro é brilhante.

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    1. Do pouco que conheço do muito pouco que foi traduzido no Brasil da obra poética de Bukowski, o primeiro é um dos que eu mais gosto. Perde para Pássaro Azul.

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