Peruca de Buceta (Ou, Cláudia Ohana Fashion Week)

É a caranguejeira na passarela! É a folia no matagal! É o prêt-à-porter da buceta! A coleção outono-inverno da xavasca! A Cláudia Ohana Fashion Week!
A estilista sul-coreana Kaimin, conhecida no métier por vestir nomes como Lady Gaga e Björk, o que, para mim, só faz depor contra ela, lançou uma nova e acachapante tendência nos desfiles da New York Fashion Week 2018 : a peruca de buceta, o mega hair de xoxota, o interlace da xereca, o chenille da perereca, a pantufa da perseguida.
Aliás, lançou nova tendência porra nenhuma. Que na moda, assim como na TV - já dizia Chacrinha, o Abelardo Barbosa, que tá com tudo e não tá prosa -, nada se cria, tudo se copia.
A peruca de buceta está longe de ser novidade. Ela data - fiz uma lúdica pesquisa - do século XVI, dos anos 1500, e era usada pelas putas da época, pelas mulheres da difícil vida fácil. A putada de então precisava manter a virilha sempre depilada para que detectassem precocemente qualquer alteração na região de seus ganha-pãos (ou ganha-paus?), uma mancha suspeita, uma irritação, uma micose, um prurido, um carrapato etc.
Acontecia, porém, que os machos da época eram machos de respeito, machos das antigas, e, como tais, gostavam de se refestelar e de chafurdar num bucetão cabeludo. Muito diferentes dos "homens" de hoje, cheios de frescuras, nojinhos e que têm engulhos frente a uma boa fedegosa peluda, viadinhos disfarçados de machos.
Foram criadas, então, as perucas de buceta, para, ao mesmo tempo, proteger a putada das doenças e agradar ao gosto da clientela.
Tirando proveito da abominável prática atual de passar a máquina zero na perseguida, de escanhoar o capô de fusca, a qual transforma a mulherada em manequins de vitrine de lojas, em bonecas Barbie, lembrando que só quem gosta de Barbie é o Ken, que não tem pinto, Kaimin revive as perucas de buceta. Mas não o faz apenas por questões estéticas, tampouco só por questões mercantilistas. De jeito nenhum. Artista que é artista sempre tem o objetivo de suscitar questionamentos com a sua arte. 
Fá-lo também para levantar debates filosóficos e sociais sobre o papel da vagina nas sociedades contemporâneas : "quero colocar em debate a questão da individualidade e da autoaceitação, normatizando a imagem estigmatizada da vagina". Pãããããta que o pariu!!! Só essa frase é muito mais criativa - e cara de pau - que toda a coleção de perucas de buceta da estilista. 
Abaixo, um dos modelitos da coleção de Kaimin.
A questão da peruca, eu até que entendi, mas que porra é essa saindo do meio da racha, essa estrutura vermelha triangular? Uma quilha? Uma crista? Uma barbatana? Seria o grelo? 
Vade retro, Satanás! Um bucetão de brenha densa e lanosa, eu muito que aprecio, mas, de mulher de grelo duro, eu tô fora! Pããããããta que o pariu!!!

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