Barata, Ruim e, Provavelmente, Inexistente

Em minha eterna e indianajônica cruzada em busca da cerveja boa e barata perdida, deparei-me com a nunca antes vista Royal Pilsen Beer, nas prateleiras da rede de atacados Assaí. R$ 1,09 a lata de 350 ml. Barata, sem dúvida. Mais um desafio a ser encarado. Mais um experimento a ser realizado. Tudo dentro do mais espartano método científico. Comprei quatro latas.
Pu-la a gelar. Abri e deitei-a a uma caneca de vidro. Que porra de cor era aquela? Nem bege nem amarela. Seria a tão afamada cor de burro quando foge? A espuma não se sustentou por 30 segundos. Desfez-se feito bolha de sabão soprada por criança em dia de sol quente. Provei-a. Deixei-a repousar na boca, língua, palato, todas as mucosas. Sem gosto. Absolutamente insípida. Não dá pra dizer nem se é boa nem se é ruim. Simplesmente não é.
Só sabia que era cerveja pelo rótulo na lata. Nem mesmo o álcool parecia presente. Fiquei sem adjetivos para escrever sobre. Feito aluno relapso e desonesto, corri ao excelente site BREJAS.COM para dar uma "colada" na análise deles da Royal. O Brejas é um site completíssimo, com cervejas de vários países do mundo e mais de umas trezentas marcas nacionais. É um site caprichadíssimo, informam sobre o fabricante de cada cerveja, o estilo, o teor alcoólico, a temperatura ideal a ser consumida, o copo ideal e avaliam, numa escala de zero a cinco estrelas, o aroma, o sabor, a aparência, a sensação e o conjunto do produto.
Coloquei a Royal no campo de busca e nada. Verifiquei se a grafia estava correta. Estava. Por via das dúvidas, apaguei e escrevi de novo. Nada. Por mais desconhecidas e inexpressivas que tenham sido as cervejas que garimpei ao longo dos anos, elas sempre apareceram no Brejas. O Brejas nunca me deixara na mão. Até agora.
Fui, então, ao Google. E também nada. Diz um nada milenar ditado chinês que se algo não pode ser encontrado na internet, esse algo não existe. Olhei nas informações laterais da lata e descobri que ela é envasada pela companhia Bluebev, em Tatuí/SP, que tem 3,8% de álcool (fraquíssima) e que é importada da cidade de Pedro Juan Caballero, Paraguai.
Fui ao site do fabricante informado na lata : www.bluebev.com.br. Descobri que é a empresa que fabrica os bons sucos de fruta Granvalle. Produzem também uma porrada dessas bebidas energéticas e chás. Mas nada da Royal Pilsen Beer. Nem no site do próprio fabricante, ela aparece. Comecei a ficar preocupado.
Mais ao fim das informações do rótulo, outro endereço eletrônico, em letras miudíssimas, o pesadelo de todo presbiópico : www.cervejaroyal.com.br. Agora não tinha erro, enfim saberia algo sobre a Royal Pilsen Beer. Digitei o endereço e : Servidor não encontrado. Tentei de novo : Servidor não encontrado. O site não existe.
Pãããããta que o pariu!!! Tomei um produto, longinquamente parecido com cerveja, que não existe. A lata está aqui para provar. E a foto que tirei e publico abaixo.
Pus-me em observação atenta para possíveis efeitos colaterais. Até agora não começaram a me cair os cabelos, a unhas ou o pau. Nem há sinais, até então, de envenenamento radiativo. Não estou, ainda, a pôr sangue pela urina, fezes, boca, nariz ou orelhas. Mas só faz quinze dias que consumi as quatro latas.
Tudo ainda pode acontecer. Eis a inexistente quase-cerveja. Se alguém ler esse texto e tiver informações sobre a tal, sobre que antídotos tomar, envie aqui pro Marreta no campo dos comentários.
em tempo : nas lápides dos túmulos, a data do nascimento é marcada por uma estrela e a do falecimento, por uma cruz. Como, ao que tudo indica, eu serei o primeiro a fazer uma avaliação e classificação da Royal Pilsen Beer, não lhe darei nenhuma estrela em nenhum dos quesitos supracitados. Darei é cinco cruzes. Em todos eles. Cinco cruzes para o aroma, sabor, aparência, sensação e conjunto.

Postar um comentário

8 Comentários

  1. Estão a sacanear com vossa face?!?
    Pesquisei em todos os cantos e centros, nada encontrado.
    Na verdade, já vi essa cerveja antes, mas não em terras verdes e amarelas. Em uma cidade pequena da Argentina (Carlos Paz), uma loja a vendia. Se coincidência, não sei.
    Acalma-te, os habitantes de lá, vivos estão!

    ResponderExcluir
  2. Ou melhor, apavora-te. Permanecerás vivo!

    ResponderExcluir
  3. Rapaz, agora até eu fiquei curiosa. Procure pelo CNPJ do fabricante pelo menos você vai saber se ele também inexiste ou se essa é a legítima cerveja do churrasco de gato.

    ResponderExcluir
  4. Meu caro, vc tomou um cerveja do Paraguai, portanto não espere muita coisa. E ainda tomou as outras três latas? Isso que é ter dó do dinheiro gasto. Foi enganado legal, comprou gato por lebre, coisa de quem quer levar vantagem financeira (mas nesse caso o tiro saiu pela culatra)

    ResponderExcluir
  5. Não esquenta, você está acostumado

    ResponderExcluir