Fingidor? Sempre. Mentiroso? Só Se Por Descuido. Só Se Sem Intenção.

O poeta é um fingidor.
Quem sou eu para discordar do Pessoa?
Aliás, quem é qualquer um para discordar do Pessoa?
Aliás (2), quem é a humanidade para discordar do Pessoa?
O poeta é um fingidor.
O que é, porém,
(Enganam-se os pseudointelectuais afeminados frequentadores de saraus)
Muito distinto
E anos-luz longínquo
De ser um mentiroso.
O poeta é um ilusionista;
Antes ainda
Um iluso.
Um charlatão que tem por café da manhã
A poção inócua que vende em sua carroça de cidade em cidade.
O poeta é o prestidigitador
Que crê mesmo que sua cartola
É uma manjedoura de coelhos,
Que acredita no fundo falso.
O poeta é o fundo falso!
O poeta não é um pintor de realidades,
De naturezas mortas,
É um restaurador de quadros vivos.
E nem por isso
Menos canalha.

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1 Comentários

  1. O poeta é um fingidor, realmente. E complemento: o poeta é um fingidor que finge não fingir somente para poder fingir ainda mais até que, chega em um ponto, ele mesmo acredita não estar fingindo.
    Belo poema.

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