Computador Educador é a Puta Que o Pariu!

Mais uma da série : o Azarão sempre soube e a Ciência só agora começa a desconfiar. Mais uma vez - inúmeros são os exemplos cabais aqui apresentados -, o Azarão se antecipou à Ciência dos homens, chegou anos-luz à frente de suas morosas e óbvias ululantes descobertas e conclusões.
Sempre marretei o uso dos computadores, tablets, celulares e outras traquitanas eletrônicas como ferramentas na educação, como se fossem artefatos mágicos de aprendizado - seja de crianças, jovens ou burros velhos -, como se fossem fomentadores milagrosos do conhecimento, como se pudessem, quase que por geração espontânea, produzir safras de melhores aprendizes e cérebros.
E sempre marretei o uso deles na educação por um simples e único motivo : não funciona!
Os computadores - leia-se internet - são muito úteis, sem dúvida. Para algumas coisas. Entre outras, são fontes inesgotáveis e inexauríveis de informação. Informação. O que é muito diferente de conhecimento. Informação. O que é muitíssimo distante do que é aprendizado.
A informação é volátil, de viés utilitarista, para uso imediato, descartável, não sedimenta, é bem como os dados da RAM do computador : desligou, deletou. Muito oportuno, aliás, que os dados da internet fiquem armazenados na "nuvem", algo etéreo, facilmente dissipável. Aprendizado e conhecimento são duradouros, entalhados a duras penas em monólitos graníticos.
Reitero : computadores em nada contribuem para o real aprendizado; antes pelo contrário, prejudica-o. Distraem e desviam o educando do autêntico conhecimento, dão-lhe uma falsa sensação de saber. Ajudam no aprendizado é o cacete! 
A simples exemplo, o que alguém pode fazer se estiver unicamente de posse de um livro de matemática? Estudar matemática, ora porra! E se estiver à frente de um computador? Milhares de coisas, inclusive, se sobrar um tempinho e sua memória RAM se lembrar, estudar matemática. O computador tira o foco, a disciplina. Aprendizado sem foco e disciplina? Perguntem aos chineses se isso é possível.
Além disso, ainda que o sujeito, espartanamente, consiga resistir a todas as tentações do mundo virtual e se concentrar exclusivamente no tema em questão, ainda assim, o seu rendimento ficará muito abaixo do que se tivesse estudado o mesmo assunto através do bom e velho livro de papel. 
Há muito tempo é notório e patente que as emissões saídas das telas de LCD de televisores e de monitores de computador, ainda que de menor intensidade que as dos velhos tubos catódicos, colocam o cérebro humano, depois de uns 20 a 30 minutos de exposição a elas, em um estado de semiletargia, em uma modorra, em um estado de pré-sono, o que, obviamente, reduz drasticamente a capacidade de entendimento e absorção do conteúdo estudado. Olhe para a cara de um idiota ao celular, a verificar o facebook; isso, é claro, se você conseguir desgrudar os olhos do seu e olhar para o sujeito. Ele não parece hipnotizado? Pois, de fato, está. Nunca se perguntou por que ver TV muitas vezes lhe dá sono? Nunca lhe ocorreu por que os canais educativos de TV nunca lograram êxito? Simples. A TV também é muito útil, sem dúvida. Para algumas coisas. Para outras, não. É tão somente um eletrodoméstico, com usos e funções definidos. Assim como o computador. E nenhum deles é propício à concentração e à disciplina, logo, não só inúteis, mas atravancadores do aprendizado.
E o principal nessa lenga-lenga toda : não há novas maneiras de aprender. Não há novidades no mundo da cognição humana.
Há 70 mil anos que o gênero Homo tornou-se sapiens sapiens, e, desde então, em nada mudaram nem a estrutura física de nossos cérebros nem os seus processos cognitivos. Temos exatamente a mesma malha viária para o aprendizado que o primeiro sapiens sapiens, com todas as suas mesmas rotas, sentidos, direções, conversões permitidas ou proibidas, obstáculos, atalhos, buracos na pista, acostamentos, pedágios, derrapagens, capotagens e colisões.
Mesma estrutura e mesmo funcionamento há 70 mil anos, ou seja, não há, como querem, por pura preguiça e displicência, os peidagogos e congêneres, novas maneiras de aprender. 
A tecnologia não produz conhecimento, menos ainda cérebros mais brilhantes : ela é o produto de cérebros brilhantes e de gerações e mais gerações de conhecimento acumulado. Ela é a criatura, não o criador. Feito Deus. Coincidência ambos serem idolatrados? Claro que não. Pais orgulhosos adoram lamber suas crias.
Só há uma maneira de aprender : bunda grudada no assento da cadeira, olhos pregados nas páginas dos livros e lápis ou caneta a empelotar as mãos de calos. Aprender é atividade monástica, quase escrava, bem ao regime dos antigos remadores das galés. Aprender com o lúdico? Balela. Pura balela. Se algum professor lhes disse, alguma vez ou várias vezes, que se aprende brincando foi porque, tenham certeza, ele é quem estava muito afim de brincar, ao invés de pegar firme no giz.
E não é que, há uns 15 ou 20 dias, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicou o resultado de um estudo que corrobora tudo o que o Azarão sempre apregoou?
O estudo da OCDE aponta que o investimento em tecnologia não melhora os resultados em sala de aula. Em muitos casos, estudantes que passam muito tempo usando computadores acabam tendo um pior desempenho.
A pesquisa analisou o impacto da tecnologia no aprendizado de alunos de colégios de vários países de todos os continentes e verificou que, apesar de 75% do alunado utilizar computadores em sala de aula, não houve ganho significativo na aprendizagem deles.
Pelo contrário, se comparados a alunos que pouco se utilizam dos computadores em sala de aula, os "conectados" perdem feio. 
Alunos de países ocidentais passam mais tempo utilizando tecnologia em sala de aula : 58 minutos por dia na Austrália, 42 na Grécia e 39 na Suécia. Já na Ásia, onde a tecnologia é uma parte integrante da vida fora das escolas, mas relativamente ausente durante o ensino, estão as instituições de ensino onde foi verificado o melhor desempenho. 
"Alunos que utilizam computadores com mais frequência na escola se saem muito pior na maior parte das avaliações de aprendizado", afirmou o diretor de educação da OECD, Andreas Schleicher, classificando o impacto da tecnologia nas salas de aula como "irregular, na melhor das hipóteses".
Mais : sistemas educacionais que investiram pesado em tecnologia de informática não registraram "nenhuma melhora perceptível" nas matérias de interpretação de texto, matemática e ciências, disse ainda Schleicher.
Ah! Só nessas matérias? Só em interpretação de texto, matemática e ciências? E o que mais há? Pãããta que o pariu!!!!
O relatório da OECD, talvez para ser politicamente correto, ou talvez com medo de represálias dos grandes conglomerados da área, de alguma Apple, IBM ou Microsoft da vida, conclui tucanamente : "As reais contribuições que as tecnologias de informação e comunicação podem ter no ensino e na aprendizagem ainda têm de ser compreendidas e exploradas". Compreendidas e exploradas é o cacete! Têm é que ser banidas das salas de aula. E as reais "contribuições" são as que vemos, nós que estamos em sala de aula, se agravando a cada ano, a cada dia, e que a pesquisa também revela : alunos incapazes de interpretar textos, de estabelecer correlações entre um assunto e outro, de traçar parâmetros, de fazer simples reconhecimentos e comparações.
Computador educador é puta que o pariu!!!
Estará, a moça, a desvendar a existência ou não dos buracos negros? Ou, quiçá, a escrever um novo Dom Quixote, ou um atual Os Lusíadas?

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1 Comentários

  1. Como sempre +A Marreta Do Azarão, excelente, parabéns... http://lenilsonfonseca.blogspot.com.br/


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