VERSUS - uma parceria

O primeiro texto de "J" publicado aqui, ESPELHO/OHLEPSE, foi um sucesso de público e de crítica. Rendeu-lhe 163 visualizações até agora e, principalmente, vários e elogiosos comentários da velharada babona que frequenta o blog. 
Pelo visto, "J" gostou da mais que justa paparicação - sim, o texto é muito bom - e, apesar de dizer que joga fora tudo o que escreve, resolveu se arriscar de novo aqui nesse covil : enviou-me um outro texto, uma curta narrativa, VERSUS, para que eu publicasse caso considerasse adequado.
Havia, porém, uma condição bem explícita para a publicação : "J" enviou só a primeira parte da história, o complemento, eu teria que escrever, ao meu gosto, à minha revelia. Ou seja, "J" me propôs uma parceria. Como não sou de fugir desse tipo de desafio e também porque ando numa daquelas fases de intensa preguiça de escrever os meus próprios textos, aceitei, encarei o desafio de "J".
Para que saibam o que foi "J" que escreveu e o que fui eu, coloco as palavras dela em vermelho e as minhas em preto mesmo.

Versus
Ela dorme. Passa das 5h e os primeiros raios de sol brincam na janela. Ele não dormiu. Ele nunca dorme. O cigarro lhe faz silenciosa companhia enquanto observa o mundo lá fora. Já está vestido, precisa ir embora antes que o mundo o perceba ali. Ele caminha em direção à cama, aproxima-se dela num gesto que antecederia o beijo final. Ele resiste. Lá se foram tantos quase finais. Observa outra vez seu corpo esguio, a pele nua, os lábios entreabertos, os cabelos espalhados pelo travesseiro. Há tanto a ser dito, entretanto calar parece-lhe o mais apropriado. Ele reconhece que não resistirá outra vez. Inclina-se sobre ela e com a ponta do nariz roça-lhe o pequeno sulco vizinho à boca, esquadrinha seu rosto sem jamais o macular. Embora envolta no sonho, ela parece sentir sua presença: os lábios já denunciam um tom mais vivo, o peito arfa num ritmo novo. Ele se põe sobre ela – o peso nos antebraços. Levemente segura as mãos que jazem sobre a cabeça. Ele não perde tempo, quer sua presa indefesa quando despertá-la. Apoia o joelho sobre a coxa esquerda, separando as pernas relaxadas. Sua ereção a toca confessando suas intenções, mas ele não é como os outros, ele sabe o que está fazendo. Ela procura por um incauto beijo. Ele sorri, percorre-lhe o corpo sem clemência. Nunca tivera compaixão. Ali não existe comiseração. Ele segue com as investidas perniciosas. Morde o lábio enquanto percorre a perna direita, explora lentamente desfrutando a beleza do caminho. Frente à flor, um lampejo quase irresistível, a língua quase toca o seu próprio céu. Porém o corpo arde e as mãos anseiam e, bruscamente os dedos a invadem. Fora superado, traído mais uma vez pelo desejo. Ele os retira e os leva à boca. É tarde. Vagarosamente ele recua, está ciente da emboscada. Agora presa fácil ele a defronta: cabelos revoltos, olhos negros cintilantes, pelos eriçados. A fera está à espreita. Subjugado, ele sabe o erro que cometeu, conhece bem esse jogo, como sempre não há lugar para indulgências.
COME-A.

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20 Comentários

  1. Azarão, meu caro, pensei e repensei sobre a sua colaboração, não consegui parar de pensar no Rubens e o que ele diria, pois bem: "um bom filho da puta! um bom filho da puta!"
    PS: 163 visualizações, nada mau... ;)
    "J"

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  2. Vc sempre teve um jeito com as palavras, não importava o tempo q passava entre uma palavra e outra. Lembro de muitos textos, rascunhos, bobagens, qlqr ideia louca q chegasse nessa cabeça.
    Fico feliz de ver que vc continua se expressando tão calorosamente, sem medo de julgamentos. Continue compartilhando o seu talento.
    Obg por te avisado ;)

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    1. Obrigada "K". Obrigada.
      PS: "K é minha fiel escudeira, a "minha pessoa" (risos). Lá se vão os anos (mtas máscaras de beleza), qse uma vida inteira e vc aí sempre do meu lado. Sempre tentando tratar a minha pseudo hipocondria rsrs ( "k" é médica). Lov U.
      "J"

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    2. O comentário anterior, ao qual eu respondi com ??????????????, também é seu?

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    3. Não. É da minha amiga, pq? Não entendi nada. Rsrs
      "J"

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    4. Hahahaha agora entendi... Não, "k" existe mesmo. Não é nenhum alter ego... Ela vai rir qnd ler isso, pode ter certeza.
      "J"

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    5. Vixe!!! Esquizofrenia pouca é bobagem!!! Ou será que você já tomou umas a uma hora dessa?

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  3. Palhaçada isso. Já dizia a vovó: "dê td minha filha só n dê confiança". Agora eu vi...
    "J"

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    1. Dê tudo? Sábio conselho, o da sua avó...

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    2. Tua avo era sábia..
      E quanto a amiga J posso atestar q ela so sofre de um moderado caso de hipocondria, as múltiplas personalidades ela deixa pra mim ;)
      K

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    3. Eu te adoro K.
      "J"

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    4. Oba! Isso tá virando uma bela duma sopa de letrinhas! Ou um rock das aranhas!!!

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    5. Hoje vc só pode estar de sacanagem cmg, só pode!!!?! A pessoa pede q os outros se identifiquem e qnd o fazm é essa patifaria.
      PS: rock das aranhas é o c¥*< ( e bem grosso)
      "J"

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    6. Ha! Ha! Ha! O que é que tem? Quer coisa mais bonitinha que duas aranhinhas se esfregando?

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    7. Não tm nada demais, inclusive eu tb não tenho nda com isso. E eu n vou nem te falar o q é bonitinho pq eu sou uma moça direita, uma dama e além disso o horário não me permite.
      PS: era o que me faltava, Azarão tentando saber das minhas preferências... Não tem nenhum moleque precisando de meio ponto por aí não rsrs? Aff
      "J"

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    8. Vamos marcar o nosso rock J, apesar que por experiencia posso afirmar que gosto de outro tipo de musica...Mas estou aberta a outros estilos
      Essa foi pra vc J , te adoro tb
      K

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    9. Posso ver vocês tocando o seu rock? Quem sabe até fazer uma participação especial, uma jam session?

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    10. K e sua picardia.
      E o ditado de hoje é: "amigos, amigos negócios à parte.
      "J"

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  4. A velha sabia das coisas.
    "J"

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