Jardins Suspensos da Lua

Vá que eu queira
Mandar-te rosas,
Daquelas que eu cultivo
Junto aos meus queijos,
Aos meus fungos,
No fundo da geladeira,
Nos frigoríficos da alma?
Para que destino? Que CEP?
Para que setor da galáxia?

Também de nada adiantaria saber-te.
Não passa arauto,
Carteiro,
Van do sedex
Nem menino de recados
Por aqui, 
Pela minha desolação.
Tampouco saberias do remetente :
Não há ruas, alamedas,
Avenidas ou travessas,
Só becos sem saída.

Por isso,
Para que possas vê-las,
As minhas rosas,
Cultivo-as,
Nabucodonosor selenita,
Em meus jardins suspensos
À tua órbita,
Em meu satélite sem atmosfera,
Grave
De pouca gravidade.
Semeio minhas dunas,
Minhas crateras,
Meus mares de poeira mortuária .
E quando me enrubesço
É que me vês plena
Ávida
Sedenta
Túrgida
Prenhe
A sangrar nos céus.

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