Dilma a 30% de Popularidade - Um Corpo Que Cai

Nessas horas - também nessas horas - é que me lembro do meu grande e ausente amigo Odair, químico, piadista, ufólogo, livre-pensador, contador de "causos", extraterrestre e, sobretudo, cientista da conspiração.
Para ele, quando o assunto são os meandros do poder, não há coincidências, tudo é a propósito, e orquestrado dos bastidores pelos verdadeiros donos do poder, grupos secretos e herméticos, os Illuminati e que tais. Esses grupos seriam, por assim dizer, os verdadeiros programadores da Matrix nossa de cada dia.
Dilma Rousseff, a mais bem cotada pré-candidata às eleições presidenciais de 2014, com previsões a goleada no primeiro turno e tudo mais, sofreu uma queda vertiginosa, digna de Hitchcock, a labirintite atacou a "presidenta".
Em março, Dilma tinha 65% de apoio popular, 57% há três semanas, e 30% agora, segundo pesquisa Datafolha divulgada no sábado passado. É a menor popularidade já atingida por um presidente da República desde Fernando Collor, em 1990. E olha que Collor roubou o dinheiro do povo, sequestrou a poupança. Ainda assim, a popularidade do mauricinho de Alagoas caiu de 71% para 36%.
Valha-me São Odair se isso não tem cara de conspiração. Da braba!
A queda de Dilma foi provocada pelas três semanas de manifestações pelo país (e que ainda continuam), cujo estopim foi aceso pelo chamado Movimento Passe Livre (MPL), que, fiquei sabendo há poucos dias, teve sua origem dentro do PT, há treze anos, quando aparentemente se desvinculou do partido e tornou-se um grupo apartidário, posição que, hoje, já não parece sustentar com tanta veemência.
Já adianto que tenho uma visão política limitadíssima, mas, quando um grupo rompe com um partido, só consigo imaginar três motivos : para se tornar mesmo apartidário - o que acho difícil, uma vez sujo, nunca mais limpo -, para compor um outro partido - até agora não vejo essa intenção no MPL, apesar de que a sigla é das boas -, ou, e aí vem a boa e velha conspiração, para continuar atuando pelo partido como um braço mais livre, em missões especiais e escusas. Uma vez desligados oficialmente do partido poderiam continuar a defender os  interesses subreptícios do mesmo sem as restrições e limitações impostas pela lei eleitoral às legendas - e acho que esse pode bem ser o caso do MPL.
Na sequência : quem seria, hoje, o maior beneficiado pela queda de Dilma nas pesquisas? Aécio Neves e o PSDB? Marina Silva e o seu...sei lá em que porra de partido ela está agora, ou tentando fundar? Roberto Requião do PMDB? Eduardo Campos do PSB? Não, não, não e não.
A queda de Dilma favorece imensamente o PT, muito mais que os outros partidos. O PT de Lula! Há tempos que certas alas do partido já deixaram clara a sua preferência pela volta de Lula a uma reeleição de Dilma. Mas como negar-lhe o direito da reeleição sem parecer uma usurpação interna de poder, um golpe? Como negar o direito de Dilma à reeleição sem parecer trairagem, a cobra que morde o próprio rabo, o cara que mata o pai para comer a mãe?
E não é que agora, às vésperas das eleições presidenciais, às portas de um ano de Copa no Brasil, de ufanismo puro e burro, um ano que tinha tudo para bem transcorrer à ocupante da cadeira do Planalto, o povo se revolta? E se revolta contra o futebol? 
Coincidência? Sorte do sapo barbudo, como dizia Leonel Brizola, outro safado de marca maior? Sorte demais. Esmola demais, até o capeta desconfia. Muita coincidência para não ser conspiração.
A facção lulista do PT pode muito bem estar por trás disso tudo, uma vez que o barbudo seria o maior beneficiado e, lógico, quer voltar à presidência - simulações do DataFolha, hoje, dão 46% de preferência a Lula, percentual suficiente para uma vitória petista no primeiro turno.
Lula e seus asseclas podem muito bem ter acionado um de seus braços extraoficiais, o MPL, seus guerreiros das sombras, seus ninjas, para tacar fogo no país e desmoralizar a dona da casa, Dilma Rousseff.
Daí, talvez, a rejeição do movimento a qualquer bandeira partidária : não é um movimento para a valorização de nenhum partido, é um movimento para a desmoralização de um partido, o PT de Dilma.
Até posso ver : Lula abraça e consola a companheira Dilma, agradece-lhe por ter feito o seu melhor, por ter tomado conta da casa enquanto ele esteve fora, mas que o homem da casa voltou.
Autodesmoralização para eleger outro de seus, para a volta de um de seus? Loucura? No Brasil, parece funcionar. 
Um tiro no pé? Risco da imagem do PT ficar tão suja a ponto de afetar o próprio Lula? Nenhum. Lula é Lula. O povão não o relaciona a nenhum partido. Não me parece um tiro no pé, mais parece a amputação de um membro incômodo com vistas ganhos maiores. E de amputar membros, a gente sabe perfeitamente quem é o grande especialista. Para quem já cortou o próprio dedo para se aposentar, o que é cortar, politicamente falando, a cabeça de uma companheira para voltar a ser Presidente da República?
Se o MPL estiver a serviço do PT de Lula, quer dizer que, mais uma vez, a massa foi manipulada para ir às ruas? Sim, talvez sim. E qual o problema? Todos nós somos manipulados, o tempo todo. Todos somos marionetes, mesmo que alguns enxerguem as cordas, somos todos marionetes.
Ainda que os movimentos estejam sendo manipulados, continuo a apoiá-los. Mesmo que sirvam à volta do sapo barbudo, serviram ( e continuarão a servir, quero crer) para aumentar a autoestima cívica do brasileiro, serviram para mostrar que o caminho do diálogo (apenas) só é confortável para quem detém o poder, não para quem a ele é submetido. 
Com MPL ou não, com o PT por trás ou não, o movimento deve continuar. A quebradeira deve continuar. Em meus delírios mais loucos, vejo os estádios da Copa sitiados por uma multidão enfurecida a bloquear e impedir os jogos, a Fifa transferindo o evento para outro país, o Neymar quebrando a perna em três lugares etc.

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