30ª Bienal De São Paulo (Ou : As Olimpíadas dos Caras de Pau)

Há assuntos que costumeiramente eu pulo durante minha leitura dos jornais - cada vez mais rápida e sem paciência, devo confessar -, esportes, horóscopo, colunas sociais, previsão do tempo, economia, guerras, obituários, programação da TV, e tudo relacionado à tal arte contemporânea.
Arte pela qual já manifestei todo o meu apreço na postagem, Bienal : Vá, Mas Não Me Chame.
Por alguma razão, hoje, folheando rapidamente a Folha de São Paulo durante meu intervalo no trabalho, deparei-me com as 28 principais obras da atual Bienal de São Paulo, e não mudei de página. Por alguma razão afastada de qualquer racionalidade, fui dar uma olhada nos Fídias, Michelângelos, Caravaggios, Renoirs, Van Goghs, Rodins e Rembrandts dos tempos modernos, risíveis tempos.
Uma das obras de destaque da 30ª Bienal de São Paulo é a que coloco logo abaixo. Ela está exposta imediatamente ao fim da rampa que dá acesso ao primeiro andar da exposição, ou seja, é a primeira coisa que o amante das artes vislumbra ao iniciar sua maratona cultural.
A obra "articula a figuralidade do som e a sonoridade da imagem", explica David Moreno (EUA), o autor da obra. Sem dúvida, ele deu uma bela de uma obrada. Figuralidade do som e sonoridade da imagem...puta que o pariu.
Será que o sujeito acredita mesmo nisso? Houvesse uma Bienal do Cara de Pau, ele seria um sério candidato a primeiro prêmio, aliás, todos seriam, a Bienal do Cara de Pau terminaria empatada. Em uma Olimpíada do Cara de Pau, as artes plásticas levariam medalha de ouro, de cabo a rabo.
E esta tela é apenas o começo, o cartão de visitas da exposição, passando por ela e adentrando-se o recinto, coisa pior sempre vem.
Ocorreu-me que mais do que um cartão de visitas, esta tela é uma advertência. Advertência ao incauto visitante pouco acostumado ao mundo das "artes", àquele que está ali de gaiato, que foi porque os jornais noticiaram, que foi com os amigos, ou, ainda, que foi para tentar impressionar - e comer - um novo flerte, uma nova paquera metida a "cabeça".
É a este inocente desavisado que a tela quer alertar, aqui é o último ponto seguro, grita a pintura, se passar daqui, será por sua própria conta e risco. Se essa obra pudesse ser traduzida para palavras, elas certamente seriam : perdei, ó vós que aqui entrais, toda a esperança.
E ela, a tela, não está brincando, a Bienal tem ainda coisa pior, muito pior. Duvidam? Para verem as outras obras, basta clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO, se tiverem coragem.
Mas inspirado pela maciça exposição a tanta cultura, pelo ar seco que sequestra meu oxigênio e provoca alucinações de anoxia, e em homenagem a um primo meu, Marcelo, o famoso Leitinho, aficcionado pela arte contemporânea, quase um mecenas, dei vazão a toda minha sensibilidade plástica e compus a obra abaixo.
Ela retrata a palatabilidade do cheiro e a olfatabilidade do gosto, representadas claramente pela lenta decomposição de uma banana prata transgênica, a denunciar a pequenez de tudo o que se julga definitivo. 
 Esta é para você, Leitinho. Pãããããta que o pariu!!!

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3 Comentários

  1. Esse seu comentário está digno do programa do Abujamra, provocações. Acontece que acabei de acordar e já dei aquela metida, de tal forma que estou bem relaxado e a vontade para revidar tal provocação. Para sua informação, vai sair até um ônibus aqui do COC para ver tal mostra, e aí eu pergunto: Quem é que está certo?

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    1. Questão de fácil e evidente resposta, que antes responderei com outra pergunta : por que uma excursão do COC a algum evento daria ao mesmo uma certificação de qualidade? Pelo contrário, uma indústria massificadora como o COC, que reduz o mundo a apostilas em espiral, se interessar por algum evento, só mostra a pouca qualidade deste.
      Então a resposta é óbvia, se o COC vai em caravana à Bienal, o certo sou eu.
      E por fim, disse que acordou e já deu aquele metidão, o que significa que escreveu seu comentário em pé, sem poder se sentar.
      Vá à Bienal, mas não me chame.

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  2. Concordo com você e com o Zeca Baleiro:

    "Pra entender um trabalho tão moderno
    É preciso ler o segundo caderno,
    Calcular o produto bruto interno,
    Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
    Rodopiando na fúria do ciclone,
    Reinvento o céu e o inferno(...)"


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