Diretora Poderá Ser Punida Por Querer Moralizar Escola

Quem tem mais de 30, 35 anos (ou mais de 40, no meu caso), sempre foi à escola devidamente trajado com o uniforme exigido pela instituição. Fato que nunca nos traumatizou ou nos fez sentir tolhidos em nossa liberdade e individualidade.
Cheguei a frequentar a escola em épocas de uniforme total, ou seja, camisa branca, de botões, com emblema da escola, bermuda azul-marinho para os meninos, saia de mesma cor e de comprimento decente para as meninas, que no inverno eram substítuidos por calça de abrigo, sapato preto da vulcabrás com meias brancas, tênis conga para a educação física. Quem não estivesse trajado na íntegra não assistia às aulas. E fim de papo. Sem discussões ou debates sobre.
Com o tempo, foi aceita a calça jeans e o tênis preto ou azul-marinho, foi mantida apenas a camiseta (já sem botões) com o brasão da escola, mas ainda numa única cor. Acho que já era a má influência das teorias peidagógicas modernas começando a agir. 
O passo seguinte foi oferecer a camiseta da escola em diversas cores e modelos, permaneceu apenas o nome da escola impresso, pequeno, no canto, apagado, só um detalhe.
A escola, para agradar sua clientela, parecer moderna e democrática, instituiu o paradoxal uniforme variado. O multiforme, como eu o chamo há tempos.
Isso sem contar as camisetas de formatura, nas quais cada turma de terceiro ano do ensino médio e de oitava série do fundamental põem os nomes da sala toda nas costas, escolhem-nas  na cor que desejam e as estampam com os mais estapafúrdios desenhos e frases.
O brasão da escola praticamente desaparece, fica feito os emblemas dos times de futebol de hoje, perdidos em meio às logomarcas de seus patrocinadores.
Todo esse desregramento e licenciosidade, porém, ainda são poucos para os jovens da atual geração, em sua maioria, sem normas, limites nem a mínima noção de respeito, maus hábitos que praticam dentro de suas próprias casas; em sua maioria, filhos de pais mais indisciplinados, ignorantes, idiotas e babacas que os próprios filhos.
Hoje, grande parte dos alunos das escolas públicas se recusa a usar o uniforme da instituição, mesmo que ele já seja o multiforme, lhes oferecido nas mais diferentes versões. Chegam para as aulas vestidos da maneira que bem lhes apraz.
O pior : a escola nada pode fazer de muito incisivo contra. Pasmem os que não sabem do que vou dizer, mas há uma lei que proíbe a escola de barrar o aluno pela falta do uniforme; hoje, a escola é que é proibida de tudo, não o aluno.
Sim, há uma lei que não mais dá o direito à escola pública de cobrar o uso do uniforme. O aluno vai uniformizado se quiser, se ainda tiver a sorte de possuir pais conscientes.
A escola, segundo dizem as leis de diretrizes e bases, tem a função de educar o aluno, mas não há leis que garantam às escolas o efetivo exercício desse encargo. Para que bem se eduque, há a necessidade de normas e leis inflexíveis a ampararem o processo. Essas normas não mais existem.
Os embates, portanto, são mais que previsíveis. E inevitáveis.
Foi o que aconteceu na E.E. "Dr. Alarico Silveira", na Barra Funda, zona oeste de São Paulo.
Cansada do desrespeito ao uniforme e do abuso praticado pelos alunos, a diretora decidiu moralizar o ambiente escolar, decidiu fazer o que as leis de diretrizes e bases do ensino apregoam, educar aqueles adolescentes a se portarem da devida maneira em ambientes que não sejam os de suas casas.
Auxiliada por professores, a diretora ficou no portão de entrada da escola e impediu o acesso de um grupo de "estudantes" de 15 e 16 anos, em sua maioria mulheres, trajado de forma não concernente ao convívio escolar.
Impediu a entrada de estudantes vestidas de forma "sexy e provocativa". Blusas justas, sutiãs coloridos e saias apenas "conceituais" foram os critérios da triagem. Ou seja, a diretora impediu a entrada da biscataiada na escola.
No que fez muito certo. A escola não é lugar de quem se veste feito puta. Não deveria ser, pelo menos.
A reclamação foi generalizada, alunos e seus pais se queixaram formalmente da diretora à Secretaria Estadual da Educação, acusam-na de abuso de poder e de submeter seus filhos a constrangimento.
Constrangimento? A menina vai para a escola com os peitos de fora, o rego do cu aparecendo, a buceta a tomar vento, e se sente constrangida pela ação disciplinar da diretora? É brincadeira? Não, não é.
A Secretaria Estadual da Educação, recebedora da denúncia dos pais, afirmou, por meio de nota, que determinou que o episódio seja apurado em caráter de urgência. Depois disso, analisará as "medidas cabíveis" contra a atitude da diretora.
Por querer punir o que era justo que fosse, ela, a diretora, é quem o será. É o cu da cobra. É o poste mijando no cachorro e a merda enterrando o gato.
Acredito que a punição a ser decidida para a diretora, pelo pouco que conheço do serviço público, nada terá de sumária ou definitiva; não obstante, qualquer que seja, será por demais severa, uma vez que imerecida. 
Ela não será afastada de suas funções, tampouco exonerada de seu cargo. Provavelmente, ela receberá uma dura advertência de seu superior imediato e terá de se retratar, pedir desculpas a libertinos e imorais pais e filhos.
Nada de muito sério e irreparável será lavrado em sua ficha funcional.
Apenas a humilhação ante desclassificados, a constatação da inutilidade de décadas de esforço a serviço da Educação e a sensação do dever nunca cumprido, nunca deixado que ela o cumprisse.
Só isso.
Na reportagem que li, não foi citado o nome da diretora, apenas o de sua escola. De qualquer forma, o Marreta a parabeniza pela atitude moralizadora. Faz votos de que ela tenha sempre, e muito firme, a certeza de ter agido corretamente, e de que não se abale frente a esse lamentável e injusto revés.

Postar um comentário

1 Comentários

  1. a diretora tá certa,então pq põe uniforme c ñ é obrigatório,e ainda passam por cima da ordem da diretora tirando a moral dela por isso q esses bando de adolescentes ñ respeitam mais ninguém.

    ResponderExcluir