Zumbi Dos Palmares Era Senhor De Escravos

Que a História do Brasil não tem heróis, mas, sim, farsantes, eu já sabia há muito tempo. Aliás, o Brasil não tem História, tem folclore. Mas eu dizer isso não tem peso algum, não sou historiador nem tenho - felizmente - formação humanista, quando digo meus absurdos, as pessoas creditam-nos ao meu notório mau-humor.
Só que, hoje, por acaso, esperando para começar minha reunião semanal com a coordenadora, um livro me chamou a atenção em meio a outros espalhados pela mesa dela : "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", de autoria de Leonardo Narloch. Claro que despertou meu interesse, na hora.
O livro é um primor, desmonta o embuste que são os grandes vultos de nossa História.
Zumbi, por exemplo, herói dos negros, instalou no quilombo de Palmares uma hierarquia semelhante à da tribo de onde veio exportado, com reis e escravos, grande parte das tribos africanas tinham escravos, o escravo não foi invenção do europeu; Zumbi e seus homens sequestravam escravos de fazendas vizinhas para torná-los escravos de Palmares, abaixo trecho do livro :
"Zumbi, o maior herói negro do Brasil, o homem em cuja data de morte se comemora em muitas cidades do país o Dia da Consciência Negra, mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que eles trabalhassem forçados no Quilombo dos Palmares. Também sequestrava mulheres, raras nas primeiras décadas do Brasil, e executava aqueles que quisessem fugir do quilombo... Ganga Zumba, tio de Zumbi e o primeiro líder do maior quilombo do Brasil, provavelmente descendia de imbangalas, os ”senhores da guerra” da África Centro-Ocidental. Os imbangalas viviam de um modo similar ao dos moradores do Quilombo dos Palmares. Guerreiros temidos, eles habitavam vilarejos fortificados, de onde partiam para saques e sequestros dos camponeses de regiões próximas. Durante o ataque a comunidades vizinhas, recrutavam garotos, que depois transformariam em guerreiros, e adultos para trocar por ferramentas e armas com os europeus. Algumas mulheres conquistadas ficavam entre os guerreiros como esposas. ”As práticas dos imbangalas tinham o propósito de aterrorizar a população em geral e de encorajar as habilidades marciais - bravura na guerra, lealdade total ao líder militar e desprezo pelas relações de parentesco”, afirma o historiador Americano Paul Lovejoy. ”Essas práticas incluíam a morte de escravos antes da batalha, canibalismo e infanticídio."

Acaba também com o mito do bom guerrilheiro (olha a turma da Dilma e do Lula aí), cita documentos trocados entre os grupos de guerrilha durante o regime militar :
"Os historiadores Daniel Aarão Reis Filho e Jair Ferreira de Sá, ambos ex-guerrilheiros, reuniram no livro Imagens da Revolução estatutos de dezoito grupos de luta armada das décadas de 1960 e 1970. Há documentos das organizações mais ativas, como a Ação Libertadora Nacional (ALN), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca, e também de grupos pequenos, como a OCML (Organização de combate Marxista-Leninista). Dos dezoito textos, catorze descrevem o objetivo de criar um sistema de partido único e erguer uma ditadura similar aos regimes comunistas que existiam na China e em Cuba. A Ação Popular, da qual participou José Serra, defendia com todas as letras ”substituir a ditadura da burguesia pela ditadura do proletariado”. O objetivo do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) era instalar um governo popular ”e não a chamada redemocratização”.
Desanca Santos Dumont, grande picareta nacional, que não inventou nem o avião nem o relógio de pulso, e não era pacifista coisa nenhuma, pelo contrário, sabia, sim, das aplicações militares de um engenho alado e as incentivava;
Arrasa a imagem de Robin Hood do Sertão de Virgulino Ferreira, o Lampião, que  não tinha nada de de defensor dos pobres : "Lampião dava a vida para estar entre coronéis”, contou, num depoimento ao historiador Frederico Pernambucano de Melo, o cangaceiro Miguel Feitosa, que conheceu Virgulino na década de 1920. ”Vivia de Coronel em Coronel”, ele completa. Em 1923, Lampião invadiu a cidade de Triunfo, na Paraíba, só para tirar de lá um homem chamado Marcolino Diniz, que tinha matado o juiz da cidade durante uma discussão. A invasão à delegacia foi um serviço encomendado pelo sogro do assassino, José Pereira Lima, maior chefe político do interior da Paraíba daquela época. Já com pobres, mulheres e vilas indefesas, o cangaceiro não era tão camarada. Há relatos de que ele marcou, com ferro quente, o rosto de mulheres surpreendidas com vestidos curtos e decotes cavados. Contrário à construção de estradas no sertão, em pelo menos cinco ocasiões atirou em operários quando eles trabalhavam em alguma obra." 
 Só não fala também que Lampião era mais chegado ao Corisco que à Maria Bonita.
Ainda não li o livro todo, acabei de baixá-lo, mas já o recomendo para pessoas de estômagos menos sensíveis e que não acreditam em mito de espécie alguma.
Esse livro é Marreta pura!!!!

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1 Comentários

  1. Deixo aqui uma pequena análise sobre parte do livro que difundiu a ideia de que Zumbi tinha escravos

    Sobre Zumbi no Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil (4/4)

    Uma análise em quatro partes sobre aquilo dito de Zumbi nessa polêmica obra. Abordaremos aqui os principais trechos do livro relacionado ao líder negro do Quilombo dos Palmares principalmente no que diz respeito ao capítulo Zumbi tinha escravos. Temos na obra, entre outras coisas, o seguinte:
    D) “Para obter escravos, os quilombolas faziam pequenos ataques a povoados próximos. ‘Os escravos que, por sua própria indústria e valor, conseguiam chegar aos Palmares, eram considerados livres, mas os escravos raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas continuavam escravos’, afirma Edison Carneiro no livro O Quilombo dos Palmares, de 1947”. (Narloch, Guia Politicamente Incorreto da Historia do Brasil)
    Se alguns escravos foram à força para o Quilombo dos Palmares, naturalmente podemos entender com isso que havia escravos dentro do Quilombo. Todavia, estes seriam, nesse caso, os escravos dos senhores de engenho, não necessariamente escravos do Quilombo. Além disso, em nenhum momento da obra de Edison Carneiro é dito que negros são lá (no Quilombo) escravizados, pelo contrário, o autor diz logo na abertura do livro o seguinte:
    “A floresta acolhedora dos Palmares serviu de refúgio a milhares de negros que se escapavam dos canaviais, dos engenhos de açúcar, dos currais de gado, das senzalas das vilas do litoral, em busca da liberdade e da segurança, subtraindo-se aos rigores da escravidão e às sombrias perspectivas da guerra contra os holandeses.” (Edison Carneiro, O Quilombo dos Palmares)
    Logo, seria muito estranho enxergarmos negros sendo escravizados dentro do Quilombo, mas totalmente lógico compreender que havia negros escravos dos senhores de engenho naquelas terras que haviam sido roubados. Essa parte é condizente com outras partes da carta anônima de Fernão Carrilho em 1687, comandante de várias expedições aos Palmares. Trechos dessa carta são citados por Edison Carneiro quando este toca no constante estímulo dos mocambos dos Palmares para os escravos das redondezas. Acredito ser importante mostrar na integra o trecho do livro. Vejamos:
    “Ora, na sua carta anônima de 1697, Fernão Carrilho, comandante de várias expedições aos Palmares, dizia, peremptoriamente que ‘os negros, o em que se fiam mais para obrarem maldades é dizerem que seus senhores o que lhes podem fazer é açoitá-los, mas que matá-los não, porque os brancos não querem perder o seu dinheiro’. Os escravos das vilas vizinhas eram, assim, recrutas potenciais dos Palmares, “uns levados do amor da liberdade, outros do medo do castigo, alguns induzidos pelos mesmos negros, e muitos roubados na campanha por eles”. (Edison Carneiro, O Quilombo dos Palmares)
    Aqueles, por conseguinte, forçados em direção a Palmares não eram escravizados, mas recrutados para a luta. Não sem motivo diz o autor que bastava a esses escravos roubados libertar um negro cativo para voltar à casa do senhor de engenho, uma “alforria”, se assim eles desejassem. Tal como podemos ver aqui:
    “Os escravos que, por sua própria indústria e valor, conseguiam chegar aos Palmares, eram considerados livres, mas os escravos raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas continuavam escravos”. E continua: “Entretanto, tinham uma oportunidade de alcançar a alforria: bastava-lhes levar, para os mocambos dos Palmares, algum negro cativo”. (Edison Carneiro, O quilombo dos Palmares)
    Em suma, foi uma maneira encontrada para fortalecer a campanha e ter a maior quantidade possível de negros libertos. Outros pontos são abordados por Leandro Narloch na obra dele, mas nada na obra que venha a fixar concretamente a ideia de Zumbi ter sido um escravocrata nos moldes dos senhores de engenho. O feito por estes visava à continuidade da exploração e o Quilombo dos Palmares e Zumbi a liberdade do seu povo.

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