Pequeno Conto Noturno (13)

Rubens acorda com a buceta de Lívia esfregando em sua cara, e a dona da buceta o maldizendo:
- Que é isso, agora? Tá brochando com a língua?
Rubens recobra a consciência e vai se localizando.
Devo ter apagado, vodka quente sempre faz isso comigo, conclui Rubens.
Mas há noites em que um homem não é dono de suas escolhas, e tem que se arranjar com o que lhe cai nas mãos; vodka quente, a buceta excessivamente mucilaginosa de Lívia... fazer o quê?
Lívia não gosta muito de pau, mas se derrete em cima de uma língua. Rubens lembra disso e retesa a língua. Os movimentos de Lívia tornam a acelerar, a acelerar, então ela respira mais fundo e sua musculatura enrijece, como uma cãibra que travasse todo seu corpo por uns segundos. Um urro, uns arfares em ritmo decrescente e Lívia amolece, abate-se por cima de Rubens.
Menos de um minuto e Rubens percebe que Lívia adormeceu, a vodka quente não havia feito estragos somente nele. Levanta lentamente a perna de Lívia, sai debaixo dela e a deixa a dormir ali, de bunda para cima.
Vai até à pia da cozinha, lava a cara e faz um bochecho com a vodka quente, para se limpar de Lívia. Pega as palavras cruzadas e vai para o banheiro, pensando que não há como arrumar um táxi, a essa hora da madrugada, para levar Lívia embora.
Até que o dia amanheça, suas únicas ambições serão conseguir completar as cruzadas sem olhar as respostas no fim do livro e dar uma bela cagada, daquelas que chegam a ultrapassar o nível da água da privada.

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